Enviada em: 28/02/2018

As variações linguísticas brasileiras compõem sua identidade sociocultural. No entanto, a falsa ideia de superioridade de determinados sotaques e expressões idiomáticas promove a segregação cultural no país. Para que haja a compreensão deste fenômeno, faz-se necessária uma análise histórica da formação da língua nacional.       O ideal português no período colonial do Brasil era extrair o máximo de recursos possíveis, subjugando a cultura, o idioma e os costumes dos nativos presentes. Tal pensamento xenofóbico pode ser comparado à ideia de Arthur Schopenhauer de que "o homem toma como visão de mundo aquela imposta pelos seus próprios limites". Entretanto, com o processo de interiorização nos séculos seguintes, a formação do idioma no Brasil tornou-se uma consequência das interações sociais entre todos os constituintes do território (portugueses, indígenas, africanos e povos europeus). Atualmente, ainda é possível visualizar essas miscigenações linguísticas em palavras como "acarajé", "tucupi", além de nomes próprios como "Maurício" e "João".       Apesar de ainda existir a renegação da ideia de unidade idiomática entre as diferentes regiões do país, algumas iniciativas culturais ajudam a desmistificar estereótipos. É o caso do filme "Cine Holliúdy", estrelado por Edmilson Filho, o qual é totalmente falado em "cearensês", contendo, inclusive, legendas para que os lusófonos possam entender as falas das personagens. Este tipo de arte possibilita ao interlocutor entender que o idioma português é extremamente rico culturalmente e que cada região possui suas particularidades, ou seja, nordestinos não falam da mesma maneira e amazonenses não possuem o mesmo sotaque, por exemplo.       Portanto, cabe ao Ministério da Cultura, em parceria com produtoras de filmes, escritores e artistas plásticos locais, destinar parte de seu orçamento anual para a criação de obras que possibilitem a difusão das variações linguísticas no Brasil, a fim de que as ideias de superioridade cultural sejam extinguidas no país, promovendo a união cultural da nação.