Enviada em: 21/07/2018

A criação das histórias em quadrinhos dos ''X-Men'', proposta pela Marvel, evidencia o movimento social de aversão àqueles considerados diferentes. Prática semelhante é percebida no mundo real ao se tratar dos preconceitos enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue, sendo julgados pelos profissionais apenas pela sua orientação sexual, embora tenham o mesmo objetivo dos mutantes da animação: ajudar a sociedade. A questão sociocultural torna-se um empecilho para a mudança desse cenário, gerando consequências significativas para os cidadãos.             Nesse contexto, a associação da imagem vulgar a essa minoria antropológica dificulta o aumento do recebimento de doações nos bancos sanguíneos. O fato de os casais homoafetivos monogâmicos apresentarem maiores restrições do que os heterossexuais para realizar tal ação, como a suspensão das relações sexuais com seu parceiro por um ano, exemplifica a manutenção da visão de promiscuidade relacionado aos gays. Isso ocorre porque os profissionais da área de saúde os tratam como disseminadores de doenças venéreas mesmo aqueles que possuem acompanhamento médico e praticam o sexo seguro. Dessa forma, contraria-se a máxima de Aristóteles de que o homem é um animal político, pois, ao invés de os indivíduos buscarem formas harmônicas de convivência, diferenciam outros pela orientação sexual, dificultando a sua contribuição na doação sanguínea.       Por conseguinte, a manutenção desse comportamento resulta em consequências severas para a sociedade. Ao serem trados de forma preconceituosa e arbitrária pela comunidade médica, apesar de as novas tecnologias oferecerem maior precisão e menor janela imunológica de detecção de doenças durante a triagem, os homossexuais são desestimulados a doarem sangue. Assim, o abastecimento do banco sanguíneo fica ainda mais reduzido, dificultando o tratamento e os procedimentos cirúrgicos dos pacientes dependentes desse órgão distribuidor. Portanto, favorece-se a teoria do Mito da Caverna de Platão, pois negligenciam os impactos de tal comportamento julgador, assim como os habitantes do conto que negavam a realidade vivendo na caverna.        Nessa perspectiva, o julgamento moral dos homossexuais na doação de sangue impacta no cenário da saúde brasileira. Por isso, cabe ao Governo Federal em conjunto com o Conselho Nacional de Medicina reduzir a burocracia durante a triagem, por meio da criação de uma lei que possua critérios científicos e não preconceituosos, a fim de garantir o dever de todos os cidadãos de doação e também a segurança do paciente que recebe o sangue. Ademais, torna-se necessários que as instituições educacionais de saúde promovam a desconstrução dos estigmas criados em relação aos homoafetivos, por meio de palestras sobre tal questão, para reduzir o preconceito entre os profissionais da área.