Enviada em: 24/07/2018

Por muitos anos, vigorou a doação de sangue remunerada no Brasil. Na década de 80, porém, essa prática foi abolida visto que muitos indivíduos doavam mais que o permitido para um determinado período e ocultavam dados epidemiológicos importantes, de forma a colocar a própria vida e a dos pacientes em risco. A partir desse período, portanto, houve considerável diminuição dos doadores, e a restrição relativa aos homossexuais é um dos obstáculos no aumento desse número.        Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que os homossexuais ainda são tratados como grupo de risco para doação de sangue pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso porque, na década de 80, houve uma epidemia mundial de AIDS que atingiu, em grande parte, os gays, e os resquícios do preconceito ainda são fortes na sociedade. No Brasil, esse grupo só pode doar sangue se tiver ficado um ano sem relações sexuais homoafetivas. No entanto, essas regras são discriminatórias e a orientação sexual não deve ser utilizada como critério para seleção de doadores, e sim a qualidade do sangue, até porque, heterossexuais também podem possuir doenças sexualmente transmissíveis.        Além disso, é importante reconhecer a existência de vários mitos a respeito da doação de sangue. A possibilidade de contrair doenças durante a retirada do sangue, por exemplo, faz com que parte da sociedade, além de não doar, rejeite a doação de homossexuais, inibindo-os de praticarem tal ato de solidariedade. É necessário ressaltar, contudo, que o processo de doação é bastante seguro e conta com triagem clínica, para verificar a qualidade do sangue, e com a utilização de materiais descartáveis, para impedir uma possível contaminação. À vista disso, para diminuir o preconceito voltado à camada homossexual, a conscientização da população acerca do processo é extremamente válida.        Fica claro, portanto, que o problema em voga é bastante amplo e deve ser resolvido. Para dirimir as dificuldades encontradas pelos homossexuais na doação, a OMS deve desconsiderar a orientação sexual como fator de seleção dos doadores sanguíneos, a fim de que esse grupo não seja alvo de discriminação e que possa também salvar vidas. Somado a isso, o Ministério da Saúde, aliado às organizações não governamentais, podem divulgar e incentivar, através de comerciais televisivos e panfletagem nos municípios, os homossexuais a praticarem a doação sanguínea, além de esclarecer possíveis mitos à população sobre esse assunto.