Enviada em: 28/07/2018

Segundo Noberto Bobbio, o preconceito é baseado, passivamente, pela tradição e costume, sendo assim, não surge do âmbito da razão, mas sim de uma generalização superficial. Tais fatores explicitados por Bobbio podem ser analisados em hemocentros a partir de imposições dadas a homossexuais durante o processo de doação de sangue, já que, são fundadas por uma cultura discriminatória e não por uma análise científica. Logo, observa-se a necessidade do diálogo entre a ciência e sociedade.       Nesse contexto, vale ressaltar que homens que têm relações sexuais com outros homens eram proibidos de doar sangue até 2004. Entretanto, na contemporaneidade, a doação é permitida caso não haja práticas sexuais durante um ano como medida preventiva de possíveis doenças sexualmente transmissíveis. Todavia, tal restrição não é válida para heterossexuais, mesmo que, tenham chances iguais de adquirir DSTs, haja vista que, são transmitidas pelo sexo desprotegido ou, como o caso do vírus HIV, pelo contato com o sangue contaminado. Sendo esses descasos possíveis para qualquer gênero, os pré-requisitos tornam-se infundamentais.        Outrossim, tais práticas discriminatórias corroboram para a marginalização social de homossexuais por reafirmar um estereótipo e, consequentemente, desrespeitar o Princípio da dignidade da pessoa humana e o Princípio da Isonomia garantidos pela Carta Magna. Ademais, de acordo com a revista Superinteressante, dezoito milhões de litros de sangue são desperdiçados ao ano por preconceito, tornando esse o principal dano já que é inerente à vida humana. No entanto, conforme os ideais políticos de Thomas Hobbes, o Estado é responsável pelo controle da violência dos homens entre si e garantir a preservação da vida humana. Dessa maneira, quando o Estado fica inerte às ações prejudiciais à um grupo de minorias, como o preconceito, esse não está cumprindo sua responsabilidade social, uma vez que, seu dever é manter a paz.        Urge, portanto, que a comunidade científica, juntamente, com a esfera política cooperem para mitigar a homofobia nos hemocentros. Cabe ao Ministério da Saúde reformular as normas para a doação de sangue a fim de estabelecer um sistema igualitário racional sem corromper a saúde humana. A comunidade científica, por sua vez, compete promover palestras e pesquisas com a ajuda do Ministério da Educação com o propósito de propagar fontes de conhecimento para a repudiação de práticas discriminatórias à homossexuais explicitando as formas de transmissão de DSTs independente do gênero. Assim, seria possível alcançar uma sociedade harmônica e tolerante.