Enviada em: 06/08/2018

Apesar de destacar enquanto potência econômica mundial, o Brasil ainda vivencia problemas sociais arcaicos, como o preconceito enfrentado pelos homossexuais na doação de sangue. Diante da gravidade desta questão urge uma discussão acerca do papel do Estado e da sociedade no combate a essa problemática que insiste em perpetuar-se.   O preconceito enfrentado pelos homossexuais na doação de sangue está atrelada, entre outros fatores, a ineficácia dos órgãos públicos em debater e buscar caminhos para solucionar o problema. A noção falaciosa e pré estabelecida, difundida inclusive pelo Ministério da Saúde, de que os gays não usam preservativos durante a relação sexual está entre os principais fatores que corroboram com o problema. Nessa perspectiva, as autoridades já restringiram, por 12 meses, a coleta de sangue de pessoas homossexuais, sem levar em consideração aspectos físicos qualitativos, e sim, apenas, a orientação sexual do doador. Por isso, pode-se depreender que o Estado não conduz a uma solução do problema, pelo contrário, agrava, ainda mais, o preconceito contra a comunidade LGBT que já se encontra oprimida diariamente.    Outro ponto a ser destacado é o papel assumido pelos vários setores da sociedade diante da problemática. Vale destacar, primeiramente, a falta de divulgação ampla da mídia acerca da burocratização excludente que permeia o processo de doação de sangue. Além disso, não há uma significativo debate reflexivo, no campo da ética médica, no intuito de orientar os profissionais da saúde de que as características fisiológicas não dependem da orientação sexual da pessoa. Por último, há uma crescente tendência, de muitas pessoas, em não reconhecer o problema pelo senso comum de que os homossexuais são inferiores fisicamente, fruto do intenso preconceito persistente contra essa minoria. Perante a isso, torna-se evidente que, enquanto não houver uma mobilização social para combater o problema, os casos de preconceito sexual na coleta de sangue serão cada vez mais recorrentes.    Levando em conta os fatos analisados, fica clara a inoperância do Estado e dos demais extratos sociais em combater o preconceito cesso de doação de sangue. Por isso, torna-se necessário o combate desse problema pelo Estado, na figura do Ministério da Saúde, criando baías de coleta de sangue, na qual o doador não seja identificado, realizando-se somente o teste de verificação de doenças, no intuito de estimular os homossexuais em doar sangue. Além disso, urge a adoção de palestras, ministradas por ONG`S, em escolas médicas, com objetivo de desmistificar a relação entre aspectos físicos e orientação sexual, pois, somente assim o Brasil se tornará um país justo e igualitário.