Enviada em: 10/08/2018

Sangue contaminado ou mente facilmente moldada?   Nos anos 80 uma explosão do vírus HIV fundamentou, de maneira rasa, o conceito de homossexualidade como doença que era aplicado durante a Idade Média. Atualmente, com o avanço das pesquisas e dos estudos, esse conceito tornou-se falacioso. Entretanto, problemas enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue ainda se fazem presentes, demonstrando que as vertentes do poder apresentam um certo preconceito histórico ao considerar a orientação sexual como um critério para barrar a doação de sangue.    Em primeiro plano, é necessário salientar que ideologias religiosas moldaram o pensamento de grande parte da população acerca da homossexualidade, discriminando, a partir de conceitos superficiais, as identidades de gênero. Na Idade Média, a igreja católica, com seu poder hegemônico, transformou conceitualmente quaisquer tipos de relações homoafetivas em enfermidades, gerando, assim, ações de cunho preconceituoso que estão presentes até o século atual.   Entretanto, pesquisas realizadas por Universidades e pela Organização Mundial da Saúde demonstraram que a homossexualidade não está ligada a doenças, o que não interferiu nas ações dos hemocentros, que continuam preconceituosos por lei. Após a grande manifestação e a associação do HIV ao termo "câncer gay" em 1983, estudiosos descobriram que a síndrome da imunodeficiência não esta relacionada a homoafetividade. Com isso, a portaria 1353 do Ministério da Saúde relatou que a orientação sexual não deve ser levada como critério para barrar a doação de sangue, o que gerou uma contradição no sistema brasileiro, visto que, na prática, a medida não é aplicada.     Urge, portanto, a quebra de conceitos sem fundamentação e a abertura dos hemocentros a quaisquer cidadãos altruístas. Para isso, o Ministério da Saúde, em parceria com as Universidades desenvolvedoras de pesquisa, deve apresentar um Projeto de Lei aos parlamentares que garanta o direito a doação de sangue independente da orientação sexual, apresentando pesquisas que comprovem a igualdade dos cidadãos. Com Isso, a quebra do preconceito histórico seria possível e uma maior parcela da população estaria apta a realizar a doação de sangue.