"Utopia" do filósofo Thomas More, retrata uma sociedade concatenada, sem a presença de qualquer tipo de desigualdade, contudo, o preconceito que os homossexuais enfrentam quando vão doar sangue, mostra os entraves em relação a sociedade citada no livro. Nesse âmbito, é notável que a discriminação e o preconceito, são prejudiciais para o avanço no setor de saúde no Brasil, mostrando o quanto o Brasil ainda possui amarras históricas preconceituais. Preliminarmente, um preconceito que sustenta essa adversidade aos homossexuais em doar sangue é a portaria criada nos anos 80, que proibia a doação de sangue por conta do desconhecimento do Aids, porém, o âmago da questão é que, não importa a orientação sexual do doador, a porcentagem do risco de contaminação sem o uso de preservativo nas relações, é a mesma para todos. Em contrapartida, os bancos de sangue sofrem com a falta de sangue por causa de um preconceito que não só afeta o indivíduo em si, mas que retira os seus direitos. A frase "muito sangue tem sido derramado em nosso país em nome de preconceitos que não se sustentam" do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, elucida os dilemas que o preconceito pode trazer para uma sociedade. Consequentemente, homossexuais são impedidos de doar sangue e de salvar vidas, sem que testes que provem que o doador possui alguma doença transmissível sejam feitos, o que faz com que a Anvisa e o Estado fomentem um preconceito já existente. Diante dos problemas susoditos, é vista a necessidade de um maior debate sobre esse assunto na sociedade para que certas amarras preconceituosas sejam quebradas. É imprescindível que Governo, junto com ONGs criem leis para que homossexuais doem sangue sem ser tratados como um grupo distinto ou tratados com descaso. É um direito individual que não pode ser retirado ou deixado à margem da sociedade. Junto à isso, debates na mídia e na internet precisam enfatizar os problemas que o preconceito pode trazer ao indivíduo e sociedade, para que assim, possa-se moldar um novo Brasil.