Enviada em: 28/08/2018

Parafraseando o geógrafo Milton Santos, a força da alienação vem da capacidade dos indivíduos quando eles percebem apenas o que os separa  e não o que os une.Em outras palavras, os preconceitos enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue refletem a indiferença de muitos indivíduos às consequências da redução de sangue nos hemocentros. Essa discriminação enfrentada pelos homossexuais decorre, sobretudo, da negligência do Estado bem como das famílias.           A omissão estatal no âmbito da educação é, entre outros, um dos fatores que colaboram para o aumento dos preconceitos sofridos pelos homossexuais na doação de sangue. Isso porque quase inexistem ações educacionais acerca dessa problemática, o que demonstra a falta de investimentos governamentais na capacitação dos professores. Nesse sentido, destaca-se o pensamento do pedagogo Paulo Freire a partir do qual é nítido que não basta saber ler que "Eva viu a uva" é preciso compreender a realidade na qual Eva está inserida, que trabalha para produzir a uva e quem lucra com essa produção. Em outras palavras, é evidente que ações pedagógicas representam uma das formas de transformações sociais que se expressam através, por exemplo, do combate as ações de preconceito enfrentadas por esses indivíduos da comunidade LGBT na doação de sangue.    A falta de interação intrafamiliar também contribui para agravar os preconceitos enfrentados por homossexuais na doação de sangue,isso ocorre porque muitos pais "terceirizam" a educação dos filhos e não discutem temas como, a importância de combater ações discriminatórias contra homossexuais e a doação de sangue como forma de exercício da cidadania.Isso acaba por gerar o que o filósofo Bourdieu denominou de "habitus", isto é, a naturalização das relações sociais nos espaços de poder. Nessa perspectiva, é evidente que há,muitas vezes, a banalização do preconceito contra homossexuais na doação de sangue bem como a indiferença a notícias divulgadas na mídia as quais explicitam o adiamento de procedimentos cirúrgicos devido às quantidades baixas de sangue em estoque.       Logo, diante dos preconceitos enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue, é preciso que o Ministério da educação invista na capacitação continuada de professores, por meio de fóruns educativos os quais versem sobre essa problemática para que haja nas instituições de ensino o fomento à desconstrução de estereótipos e amenização de atitudes discriminatórias. Isso pode ser feito através de palestras e debates críticos que envolvam, inclusive, as famílias. Ademais, o Ministério da Saúde deve estimular a construção do senso crítico,por intermédio de campanhas midiáticas que combatam a discriminação contra homossexuais na doação de sangue as quais precisam ser divulgadas nas programações televisivas e nas redes sociais,pois apresentam abrangência significativa.