De acordo com o renomado físico alemão Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito. Tal afirmação se evidencia na legislação que impede a doação de sangue por homossexuais. Diante disso, é importante discutir as causas e consequências que esse código preconceituoso dos hemocentros gera em nossa sociedade. Em primeiro plano, é importante ressaltar que a discriminação sofrida por homossexuais na doação de sangue tem raízes históricas. Durante a década de 70, a ascensão da AIDS foi observada em homoafetivos e exposta de maneira generalizada na mídia como um grupo de alto risco de contaminação. Contudo, atualmente, o cenário de contágio dessa doença é heterogêneo, atingindo diversas orientações sexuais,sendo observadas, majoritariamente, em heterossexuais. Entretanto, percebe-se um quadro de "homofobia velada" em que os gays são impedidos de doar sangue puramente por estigmas culturais relacionados a sua orientação sexual. Ademais, convém salientar os impactos dessa discriminatória legislação em nossa sociedade. Apesar de a ANVISA realizar inúmeros testes com o sangue coletado, por existir essa restrição de caráter homofóbico, muitos litros de sangue que poderiam abastecer hemocentros são desperdiçados. Prova disso é que, de acordo com a OMS, 18,9 milhões de litros de sangue são perdidos por essa atitude segregante. Logo, o preconceito para com essa parcela populacional, enraizado em nossa sociedade machista, pressupõe a homossexualidade atrelada ao descaso com a saúde. Com isso, perpetua-se a arcaica conjuntura de homofobia em nosso país. Diante desse contexto, torna-se necessária a adoção de medidas. Portanto, é primordial que o Ministério da Saúde imponha aos hemocentros a revogação dessa norma permitindo a doação por homossexuais que não estejam em situação de risco em detrimento da exclusão por sua orientação sexual. Atrelado a isso, a União poderá investir uma maior parcela do PIB para a realização de exames laboratoriais, desse modo, aumentando a doação de sangue e abolindo práticas homofóbicas.