Enviada em: 05/05/2019

Durante a segunda guerra mundial, milhares de homossexuais foram executados devido à sua orientação sexual. Contemporaneamente, no Brasil, a homofobia ainda é presente e materializa-se nas dificuldades enfrentadas pelos gays na doação de sangue. Isso se deve, principalmente, ao preconceito da população e ao descaso estatal.        Diante desse cenário, o conservadorismo exacerbado evidenciado no país está diretamente relacionado ao preconceito na doação de sangue. Isso porque, segundo o filósofo Francis Bacon e seu conceito de Ídolos da tribo, o ser humano tende a desprezar os fatos científicos em prol de manter os preconceitos pré-estabelecidos. Tal realidade se faz presente no Brasil, tendo em vista que a homofobia impede os avanços na doação de sangue, uma vez que segrega a população homossexual. Essa construção histórica torna, muitas vezes, impossível que homens gays consigam efetuar a doação, mesmo que estejam aptos, fato que confirma a ideia de bacon - em que o preconceito se faz superior à razão e à ciência. Dessa maneira, é necessária uma alteração nesse quadro de retrocesso.          Outrossim, de acordo com o escritor brasileiro Simon Schwartzman, o Estado apropria-se de sua função pública para satisfazer interesses privados. Indubitavelmente, a realidade do Brasil vai ao encontro da ideia do autor. Nessa perspectiva, como a melhoria das condições de doação de sangue para incluir os homossexuais não é lucrativa para os governantes, essa pauta é deslegitimada. Esse panorama impede que recursos sejam destinados ao investimento em tecnologias que tornaria mais segura a doação. Dessa forma, os homossexuais continuam sendo discriminados, o que demanda uma mudança.          Urge, portanto, que medidas sejam implementadas para mitigar os problemas enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue. Nesse sentido, o Estado deve investir na pesquisa e adequação tecnológica relacionada à coleta de sangue, para que seja possível identificar mais precocemente e com maior qualidade possíveis doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, o estímulo à doação de todas as pessoas deve ser uma pauta do Ministério da Saúde, que por sua vez, precisa elaborar uma campanha de incentivo - incluindo os homossexuais - e divulgar nas redes sociais do Governo. Assim, talvez seja possível salvar vidas e criar uma sociedade menos preconceituosa e mais inclusiva.