Enviada em: 09/04/2019

O Museu Nacional, antiga residência da família Imperial, foi destruído por um incêndio, em 2018, causado por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado presentes no local. Diante disso, a perda irreparável de um dos locais mais importantes para a historia nacional mostra o estado de desvalorização do patrimônio cultural do país, através da negligência estatal e alienação da sociedade diante do processo de construção do Brasil como nação independente.   Nesse contexto, é possível analisar que a falta de políticas públicas eficientes prejudica a conservação do patrimônio material e imaterial do Brasil. Com efeito, a degradação de locais ou costumes deixados pelos que viveram no país, vai de encontro com a teoria do contrato social de John Locke, uma vez que o Estado deve assegurar os direitos dos cidadãos. No entanto, o baixo investimento no setor cultural das esferas governamentais, mostra um desencontro com as ideias contratualistas, já que a cultura é, hoje, considerada superficial para a pauta nacional e não demanda maior preocupação dos governantes, ainda que o legado seja um bem comum a sociedade. Logo, o respeito à herança deixada ao longo dos anos não é respeitada e acaba por ser ignorada e esquecida pelo poder vigente.   Além disso, o ensino defasado sobre a historia do país criou um povo ao qual não reconhece símbolos nacionais como parte da identidade cultural. Dessa maneira, a educação tem o papel de modificar ideias preconcebidas a partir da demonstração de fatos ocorridos, e preencher a função que Nelson Mandela, líder sul-africano, defendeu: de que ela é a arma mais poderosa para mudar o mundo. Por isso, é importante que haja o reconhecimento da história do Brasil como matéria primordial de valorização da identidade cultural como patrimônio dos brasileiros.   Infere-se, portanto, que o descaso do poder público e a falta de conhecimento promovem a degradação de valores e objetos representativos da formação da terra tupiniquim. Dessa forma, é imprescindível a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão institucionalizado, em parcerias público-privados, a partir de acordos com o governo federal, para oferecer isenções fiscais em troca do investimento econômico na manutenção de locais e monumentos reconhecidos legalmente, para perpetuar a memória para as próximas gerações. Ademais, é necessário que as escolas promovam feiras de história, através do estabelecimento, junto aos professores, de uma semana que ofereça a apresentação de trabalhos, com o intuito de promover maior debate e interesse dos jovens sobre a formação histórica do Brasil. Assim, nenhum legado terá que sofrer pelo descaso novamente.