Enviada em: 23/04/2019

Herança banalizada    Um dos vieses mais significativos deixado pela primeira geração do Romantismo brasileiro foi a firmação do ideal de manter preservado a valorização de artifícios materiais e simbólicos que compõem o patrimônio verde-amarelo. Antagônico ao movimento artístico e à democracia, o contemporâneo cenário brasileiro — marcado pelo declínio da cautela com os artefatos históricos ainda presentes na atualidade — põe em xeque o maior legado legitimado pela fase nacionalista romântica. Sob tal ótica, é evidente que a problemática merece um olhar mais critico de enfrentamento.       A priori, para o pensador Jean Piaget, é visível que a defasagem da valorização necessária de qualquer patrimônio histórico, como museus e exposições, se deve majoritariamente à ausência de mecanismos que servem como pilares para o desenvolvimento racional e intelectual de um povo. No âmbito brasileiro, isso se exemplifica, principalmente, pela ineficácia do poder público em ministrar mecanismos educacionais essenciais para a construção do sentimento de pertencimento e apreço à nação, como o maior incentivo ao estudo da história do país. Dessa forma,  é paradoxal que, mesmo no Estado Democrático de Direito, os órgãos governamentais brasileiros ainda não tenham desenvolvido uma política que assegure à população a segurança histórica.      Além disso, embora a permanência da herança cultural brasileira esteja ameaçada por declives humanos, sua importância e necessidade de existência consta-se presente na própria Constituição Federal de 1988. No entanto, a consolidação de tal garantia não vigorou mudanças substanciais na prática, visto que, de acordo com uma pesquisa elaborada pelo Jornal O GLOBO, o século XX brasileiro está sendo marcado, gradativamente, pela atenuação do cuidado aos bens genuínos da pátria, como construções arquitetônicas centenárias — postas à deriva, face à ausência de manutenção. Assim, é evidente que, enquanto não houver uma reestruturação logística e administrativa eficaz, provinda do poder público, os legados históricos brasileiros estarão fadados à extinção.       Depreende-se, portanto, que é de suma importância a adoção de medidas que façam as premissas democráticas não serem mais utópicas. Logo, compete ao Ministério da Educação propor, desde os primeiros anos escolares, a intensificação do estudo da história do Brasil, por meio da participação de palestras e atividades lúdicas às crianças, tornando claro e evidente a importância de preservar o bens da nação e suas trajetórias. Soma-se a isso a participação da mídia televisiva, que por meio da ficção engajada, poderá construir personagens e campanhas que, por meio da função apelativa, oriente os indivíduos a manter preservado o patrimônio brasileiro. Por conseguinte, sob a aplicação de tais medidas, construir-se-ia um meio social que faria jus à democracia e que orgulharia o ramo romântico.