Enviada em: 06/08/2019

Variados constituintes de um patrimônio histórico cultural de uma determinada localidade possuem grande importância para a criação de uma identidade coletiva. Entretanto, no Brasil, tendo em vista os constantes descasos com esses, é evidente o rompimento e a ignorância da nação para com a garantia e valores desses bens. Isto posto, seja pela falta do incentivo estatal à educação artística, seja pelo advento da contemporaneidade, urge discutir o assunto, bem como desenvolver medidas para mitigá-lo.    Em primeira análise, cabe ressaltar que a desvinculação da população com os patrimônios históricos origina o desrespeito, e consequente desprezo com estes. Ao pontuar esse entendimento, o Estado, ao negligenciar o ensino da arte e cultura brasileira para os jovens e futuros cidadãos, deixa de promover na sociedade o entendimento dos componentes de suas próprias origens. Devido a isso, grande parte dos indivíduos, assim como o próprio Governo, não valoriza da mesma forma como deveria os bens culturais do Brasil, visto que ambos não tiveram o conhecimento da importância destes para a construção do país. Dessa maneira, diversas infelicidades, como os incêndios do Museu Nacional e o da Língua Portuguesa, ocorrem em virtude dessa desvalorização proeminente entre os brasileiros.     Outrossim, vale salientar que, por efeito da globalização, os meios de comunicação tornaram-se ferramentas de forte dispersão de informações, o que leva a população abandonar lentamente seu conhecimento histórico-local. Segundo o pensador Zygmunt Bauman, esse fato é característico da comunidade global pós-moderna, no qual o constante fluxo de dados causa na sociedade um rápido esquecimento de fatos marcantes e incrementa a dificuldade de selecionar pontos da história a serem lembrados. Em razão disso, as pessoas, perante os vários acontecimentos apresentados pela mídia, deixam de enxergar o passado e a cultura regional como sendo algo suma relevância para o mantimento da identidade local. Assim, na memória do povo, os patrimônios nacionais vão, como dito por Bauman, se tornando “líquidos”.     Vê-se, portanto, que tanto a educação no Brasil quanto os pontos de memória coletiva devem ser repensados. Cabe ao Ministério da Educação, por meio das escolas – como centros formadores de cidadãos – incrementar à grade escolar, aulas de cunho expositivo em relação as diversas formas de arte e história do país, a fim de perpetuar desde a infância a valorização destes bens. Ademais, compete as ONGs, junto a professores públicos de Artes e História, através de fóruns municipais, conscientizar a população a respeito da importância dos patrimônios históricos, de modo a ampliar o sentimento de pertencimento à nação brasileira. A partir dessas medidas, será possível promover a devida preservação e respeito desses bens.