Enviada em: 21/07/2019

Em "Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, o narrador- personagem, um defunto-autor, orgulha-se por não ter deixado filhos para herdar as mazelas de um mundo doentio. Pudera: a postura negligente de muitas pessoas diante da preservação do patrimônio histórico cultural brasileiro revela o estado de apatia da sociedade hodierna. Tal problemática persiste arraigada no corpo social vigente, seja pelo descaso das autoridades, seja pela ignorância da população.    Inicialmente, pode-se dizer que a falta de investimento para preservar as culturas do povo brasileiro corrobora com a perda desses patrimônios. Sob essa ótica, o olhar irônico da narrativa machadiana atesta a existência de uma realidade preocupante, na medida em que o tempo passa e a postura das autoridades não mudam. Há, evidentemente, a partir disso, a fragilização da estrutura de edificações históricas, já que ficam expostas ao sol, aos ventos e à chuva, tornando-se vulneráveis a desmoronamentos. Assim, fica claro que a atitude do governo não está sendo de proteção aos patrimônios histórico-culturais.    Ademais, destaca-se a ignorância da população para com as culturas locais e as construções mais antigas, já que não zelam e nem cobram do Estado o cuidado que esses patrimônios merecem. Nesse contexto, consolida-se a percepção do filósofo contratualista, John Locke. Conforme o pensador, para o bom funcionamento dos organismos sociais, é preciso que haja uma relação de confiança entre o Estado e a sociedade, configurando o princípio de cooperação. À luz dessa ideia, torna-se notório que há uma ruptura do contrato social, pois nem o Estado nem a sociedade está cumprindo sua função de preservar as culturas, as quais têm muito valor para uma parcela da população.     Sendo assim, é essencial buscar soluções práticas para reverter esse cenário. A priori, o Ministério da Cidadania deve buscar investimento, a partir de parcerias com empresas privadas, objetivando ter condições para reformar e proteger os patrimônios históricos. Outro ponto chave é o Ministério da Educação implementar, no ensino básico, a educação patrimonial, por meio de atividades extracurriculares, com vistas a formar cidadãos que respeitem e valorizem as diversas culturas. Feitas tais ações, espera-se solucionar esse entrave, de modo a orgulhar Brás Cubas.