Enviada em: 18/09/2017

Parafraseando o antropólogo Roberto Da Matta, é certo que a adição do transporte público como direito social na constituição brasileira é relevante. Mas um problema resultado de décadas de urbanização rápida e desorgonizada não há como ser resolvido apenas à luz constitucional, e sim por medidas firmes, práticas e reais.  Trazendo a memória, o processo de urbanização horizontal e desenfreada que ocorreu no Brasil, fica claro a raiz do problema da mobilidade urbana no país; Visto que, não houve planejamento na infraestrutura das cidades para facilitar o deslocamento dos cidadãos migrados para as periferias;Além de não ter havido a previsão de que, pela distância, os mesmos precisariam custear várias conduções para se locomoverem.  Vale ressaltar também que, durante a presidência de Juscelino Kubitschek foi incitado o modelo desenvolvimentista, que aumentou o poder de compra do povo, a fim de acrescer a aquisição de veículos particulares, ampliando assim, o fluxo nas vias; E também criando a cultura individualista do "status" - que se mantém - cuja qual relaciona a posse de um automóvel ao fato de ser bem-sucedido, e julga o uso de coletivos um tanto inferior.   É válido frisar também que, nos meios de transporte público, de fato taxas têm de ser cobradas, porquanto as tarifas de de remuneração das empresas que prestam o serviço  devem pagas.Porém é essencial dizer que o país em questão cobra um dos maiores impostos do mundo, e o serviço prestado não é altura do mesmo.O descaso governamental também fica claro, quando, aplicativos de carona como o "Uber", mesmo promovendo a ecônomia de colaboração, desobstrução do trânsito e já sendo usados milhares de vezes por dia, não são regulamentados.   Levando-se em consideração esses aspectos, é fato que que a resolução dessas adversidades não será fácil, porém possível, se houver atuação mútua de governo e sociedade tomando algumas medidas como: a reestruturação das cidades levando em consideração a necessidade da população geral e incentivando meios de transporte alternativos, como as ciclovias, a restrição de automóveis em lugares essenciais em horários antecipadamente determinados, a regulamentação e  estímulo ao uso dos aplicativos de carona, não menos importante, a redução do preço das passagens a um valor mais acessível, e o debate em sociedade, na escola, em casa, encorajando a desconstrução do ideal de '"status do carro" e incentivando a valorização do serviço de transportação compartilhada. "Todo cidadão tem o direito de ir e vir. Desde que seja a pé, de outra forma paga pedágio." Clarice Lispector