Enviada em: 23/08/2018

A prostituição é a realidade de muitos brasileiros que, diante da falta de oportunidades profissionais, optam pela troca voluntária de intimidades sexuais por dinheiro. No entanto, o preconceito social, oriundo da formação religiosa exacerbada, e a decorrente marginalização dos praticantes da prostituição culminam em um inóspito cenário de violência e silenciamento que deve ser combatido.          Nesse sentido, a moral da sociedade brasileira, muito influenciada pelos dogmas da religião católica, enxerga quem se prostituí como pecador. Tal fato é evidente no processo de formação do povo brasileiro que, segundo o antropólogo Darci Ribeiro, foi marcado pelas missões jesuíticas que desde o século XVI  cultivaram fervorosamente a moral cristã nos brasileiros. Cabe ressaltar que, devido a esse histórico, a sexualidade não consta como atividade nobre e edificante na consciência atual da sociedade brasileira, muito pelo contrário, ela é tida como ato degradante e imoral. Logo, existe um preconceito acerca da prostituição, enraizado no solo do passado colonial, que exclui os indivíduos que se prostituem e dificulta a compreensão da extrema vulnerabilidade da situação.            Assim, o cotidiano dos indivíduos que se prostituem é cheio de violência, das mais variadas ordens, tais como psicológica, física, moral e sexual. Essa situação se confirma no estudo publicado pela Revista Brasileira de Enfermagem, no qual consta o alarmante dado: quase metade das prostitutas já sofreu violência de algum tipo. Porém, tais pessoas não contam com o aparato estatal e o apoio civil em sua defesa. Afinal, são comumente marginalizadas e desmoralizadas pelo preconceito, evidenciado anteriormente, com a categoria de seu trabalho. Dessa forma, ampliam-se as distâncias entre os mecanismos de apoio social, que poderiam amenizar a situação, e a dura realidade enfrentada pelas prostitutas.            Portanto, visto que a prostituição, em muitos casos, é a ultima opção de pessoas necessitadas de remuneração, o Estado precisa atentar-se à falta de oportunidades de emprego. Assim, deverá ampliar o investimento na educação básica e em instituições profissionalizantes, tais como o Sesc ou Senai. Porém, quem optar pela prostituição como profissão, deve ter condições dignas de trabalho. Isso se dará com uma atuação conjunta da população cívica, que pode repensar e  refletir acerca dos preconceitos históricos e assim, acolher e apoiar as vítimas sociais, e do Ministério da Cultura, que deve promover debates, palestras e propagandas acerca da prostituição, com fim de diminuir o preconceito social. Além disso, a Polícia Federal deve criar uma equipe específica para combater as inúmeras formas de violência que sofrem as prostitutas. Dessa maneira, a sociedade brasileira tornar-se-á mais tolerante e os indivíduos mais seguros.