No conto "A hora e a vez de Augusto Matraga", João Guimarães Rosa retrata a forma violenta como Sariema é tratada após ter sido "arrematada" em um leilão por Nhô Augusto. Similarmente à realidade, essa situação infelizmente tem sido ocorrente na vida das prostitutas, uma vez que essas são vítimas de um sistema social falho, que as colocam à margem de situações de violências constantes. Convém ressaltar, inicialmente, que a questão da prostituição é intrínseca a diversos fatores socais. Consoante a Rousseau, o ser humano é naturalmente livre, contudo, está a todo momento acorrentado. Nesse sentido, é perceptível que a pobreza extrema nas favelas funcionam como uma espécie de corrente que prende as minorias ali presentes, as quais, muitas vezes frente a falta de oportunidades - estudo, especializações, emprego - acabam optando pela venda do próprio corpo a fim de alcançar ascensão social ou mesmo condições mais dignas de vida. Além desse tipo de trabalho ser uma uma ser geralemnte oriundo de falta de opções , esse mesmo está cercado de negligências. Embora a Constituição Federativa Brasileira assegure a todos os seus cidadãos o direito à dignidade e à segurança, é notória a violação desses tópicos constitucionais. Prova disso tem-se o fato das prostitutas serem constantes vítimas de agressões, sejam elas verbais, físicas, psicológicas, sexuais, etc. De acordo dados do portal Repórter Unesp, que mostra que entre todas as mulheres que exercem esse tipo de função, cerca de 41% delas já sofreram algum tipo de violência, o que evidencia a necessidade de mudanças frente a isso. Postas essas questões, é indubitável a urgência de intervenções tangentes às classes desfavorecidas, assim como na violência em relação a questão citada. Portanto, cabe ao Estado, através do Poder Legislativo erradicar as situações de desamparo social, isso, por meio da criação de políticas públicas que deem suporte educativo - escolas de qualidade, cursos profissionalizantes, oportunidade de acesso ao ensino superior - para que assim, os mais pobres se soltem da corrente de Rousseau e recorram à prostituição e não tenham que recorrer aos caminhos da prostituição. No mais, é imprescindível que o Poder Legislativo erradique situações de violências contra prostitutas por intermédio de leis que proíbam esses tipos de atitudes e, junto ao Judiciário, efetivar a punição de todos os que infringirem esses códigos. Ademais, seguindo essas medidas, caminhara-se para um Brasil mais próximo da Constituição e mais distante de situações como a vivida por Sariema.