Enviada em: 03/10/2018

Acredita-se que a prostituição é uma das profissões mais antigas do mundo. E, infelizmente, ela se mantém ativa em pleno século XXI como um dos maiores mercados ilegais. Além disso, no Brasil, a venda do corpo esconde um problema que vai muito além da seara criminal ou moral: é um meio que mulheres e meninas marginalizadas encontram para sobreviver, apesar do preconceito da sociedade e em meio à apatia do setor público.    Precipuamente, de acordo com a Fundação Mineira de Educação e Cultura, FUMEC, quase 70% das meretrizes não possui ensino médio completo e outras 59% são chefes de família. Tal fato revela um duplo abandono dessas mulheres, que são obrigadas a recorrerem a medidas extremas para cuidar dos filhos e, uma vez na prostituição, não encontram perspectiva de mudança por não possuírem uma profissão devido à baixa escolaridade e ao preconceito de uma sociedade patriarcal que criminaliza o corpo feminino em relação a práticas libidinosas.      Ademais, mesmo com as conquistas do movimento feminista, que ganhou força a partir dos anos 70, e da criação de medidas de proteção à mulher, como a lei Maria da Penha, a falta de diálogo sobre a sexualidade feminina ,como questão de liberdade, ajuda a manter a prostituição numa categoria de eterno tabu, ou seja, todos sabem do problema, porém, prefere-se ignorar. Ainda assim, no pensamento da filósofa Marilena Chauí, quando conhecemos apenas o nosso mundo, ele se torna o único possível. Portanto, dialogar sobre as matizes do problema, mais que combater a visão deturpada de que a prostituição é majoritariamente uma opção, ajudará a encontrar soluções.    Destarte, diante de tais desafios, o preconceito e apatia só acabarão com a ação efetiva do poder público, criando um programa chamado "Profissão com Dignidade", que oferecerá cursos profissionalizantes, vagas em creches, ajuda psicológica e incentivos fiscais a empresas que aderirem à causa. Assim, as mulheres marginalizadas poderão ser donas de si mesmas e terão oportunidades mais fáceis de mudar de vida.