Enviada em: 15/10/2018

Popularmente conhecida como a "profissão mais antiga do mundo", desde 2002 a prostituição é reconhecida pelo Ministério do Trabalho como ocupação profissional. Apesar de autenticada, tal profissão coloca em risco à saúde de seus praticantes, sobretudo mulheres. De maneira análoga, é pertinente avaliar as causas que provocam a entrada para o mundo da prostituição, entre elas a desigualdade social e o patriarcalismo vigorante no cenário brasileiro.       Em princípio, é necessário entender como a prostituição é ocasionada pela desigualdade social e como ela pode ser insalubre. Nesse ínterim, segundo dados da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), quase 50% das mulheres que se prostituem não concluíram o Ensino Médio e 70% não possuem profissionalização. Tais dados mostram que cobrar serviços sexuais está ligado à falta de qualificação profissional, que não permite essas mulheres terem renda para se sustentar. Ainda nessa lógica, uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp), divulgou que mais de 70% das profissionais do sexo do interior de São Paulo têm algum tipo de doença sexualmente transmissível (DST). Destarte, conclui-se que a falta de oportunidades serve como ingresso à prostituição e essa entrada coloca em posição vulnerável a saúde da profissional.       Outrossim, é notório que raízes ideológicas patriarcais corroboram para essa problemática. Nesse contexto, em "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarães, a protagonista Isaura era perseguida por Lêoncio, seu proprietário, que desejava seduzi-la. Ainda que ficcional, essa situação serve como exemplo para ilustrar como a figura feminina fora subjugada durante séculos como objeto sexual. Dentro desse raciocínio, o sociólogo Pierre Bourdieu afirma que a sociedade participa de um círculo vicioso de incorporação, naturalização e reprodução de estruturas padronizantes. Hodiernamente, essa visão obsoleta de que a figura da mulher serve apenas para prazer erótico perdura pela nação brasileira e contribui para a expansão da prostituição, uma vez que tal serviço funciona como "oferta e procura".       Fica claro, portanto, que a vulnerabilidade socioeconômica juntamente com a herança patriarcal histórica-cultural faz com que mulheres recorram a prostituição como forma de emprego. É mister, em primeiro lugar, que o Ministério da Educação invista em educação básica e profissional, majoritariamente em regiões pobres e periféricas, para que seja erradicada a evasão escolar e, consequentemente, a entrada no ensino superior seja possível. Paralelamente, através de uma parceria com a mídia, campanhas conscientizadoras contrária a objetificação do corpo feminino devem ser vinculadas nos meios midiáticos, com afinco de extinguir o pensamento patriarcal da sociedade. Assim, a prostituição poderá se tornar, aos poucos, uma opção de escolha distante para as mulheres.