Enviada em: 15/10/2018

Na Idade Média, a santificação do corpo humano, defendida arduamente pela Igreja Católica, fazia parte da moral da época. Passados mais de 500 anos, hoje, no Brasil, evidenciam-se resquícios de tal pensamento frente à depreciação da ocupação meretriz, já que utiliza o dito "sacro" corpo como instrumento de trabalho. Nesse cenário, revela-se que essa profissão deve ser respeitada, considerando sua legalidade e o direito ao livre-arbítrio. Outrossim, também entra em pauta a dignidade da vida das prostitutas, atualmente vítimas de violência e problemas de saúde. Em primeiro plano, destaca-se que a consciência coletiva -termo elaborado pelo sociólogo Émille Durkheim- sobre a prostituição se baseia na total desvalorização das profissionais do sexo. Dessarte, reina o preconceito e a falta de respeito, que depreciam a condição humana dessas pessoas. Entretanto, a sociedade parece ignorar o direito de se sustentar por tal atividade, assegurado pela Constituição de 1988. Nesse sentido, é mister a quebra de paradigmas para garantia da integridade desse indivíduos. Em segundo plano, percebe-se, no território canarinho, recorrentes casos de agressão às prostitutas, sejam sexuais ou psicológicas. Mediante pesquisa feita pela Revista Brasileira de Enfermagem, 41% de 450 mulheres entrevistadas já sofreram violência física na relação sexual, dado que revela os efeitos práticos da supracitada consciência coletiva. Em paralelo a esse problema, vê-se a fragilidade da saúde desses hominídeos, fato ratificado pela recorrência da contração de doenças como Sífilis e Aids. Diante do exposto, urge a atuação de representações governamentais visando o amparo aos cidadãos em questão.  Portanto, é importante que ONG'S busquem modificar o pensamento social sobre prostituição, através da realização de discussões em espaços públicos, em que meretrizes possam ter voz e desmistificar preconceitos, para que o respeito seja presente e casos de violências sejam menos frequentes. Também, as secretarias de saúde devem ampará-las, informando sobre os riscos das doenças, para garantia de suas dignidades.