Enviada em: 23/07/2018

Para o escritor britânico Oscar Wilde, que viveu no século XIX, época de grandes avanços do racionalismo, "O primeiro passo é indissociável à evolução de um homem e/ou nação". Nesse contexto, faz-se necessário sair da inércia e engendrar - cautelosamente - medidas cuja asserção seja combater o aumento no uso de álcool e de outras drogas entre os jovens brasileiros. Em vista disso, torna-se essencial compreender os desdobramentos que contribuem para que os adolescentes vejam essas drogas, lícitas ou ilícitas, como algo natural e que não condiciona problemas.    É preciso considerar, antes de tudo, que a maior autonomia adquirida pelos jovens não foi acompanhada por um maior diálogo. Diante disso, a interação comunicativa, defendida pelo filósofo Habermas, não foi levada a um patamar que condicionasse maior experiência à juventude. Isso porque a família, base estrutural de uma sociedade, se omite, em muitos casos, de seu dever como formadora de indivíduos sociais, à medida que a discussão sobre o consumo de drogas e de bebidas alcoólicas são consideradas um tabu. Por outro lado, essa falta de conhecimento sobre os malefícios advindos com o consumo antecipado de drogas faz com que a gravidez precoce, acidentes de trânsito e brigas, sejam situações comuns em razão dessa falta de experiência entre os mais jovens.    Outrossim, é imperioso considerar que a mídia tem um papel de destaque nesse problema. De fato, como já levantado por Adorno e Horkheimer, a indústria cultural vende uma ideia de prazer e felicidade. prova disso está nas novelas, nas quais é comum amigos bebendo uma cervejinha em um clima nostálgico e feliz, condicionando aos imberbes um ideal a ser alcançado. Seguindo essa lógica, para o sociólogo Émile Durkheim, o fato social, por ser a maneira coletiva de pensar e agir, exerce uma pressão coercitiva sobre o indivíduo. Logo, o consumo de drogas e bebidas alcoólicas pelos jovens se insere na teoria de Durkheim, pois se um jovem fizer parte de uma sociedade que naturaliza o consumo dessas substâncias, ele tenderá a adotar esse comportamento por conta da vivência em grupo.    Urge, portanto,a proeminência de medidas para esse revés. Para tanto, cabe à escola e às famílias, em parceria, transmitir, mediante palestras, discussões e projetos pautados no desenvolvimento crítico dos jovens, uma maior compreensão sobre as dinamicidades sociais, a fim de que não sejam moldados e saibam reagir às investidas da indústria cultural, que apresenta ideais utópicos e fajutos. Ademais, compete ao Estado condicionar projetos, como, por exemplo, tem ocorrido na Holanda, que visam o desenvolvimento dos jovens, como uma educação inclusiva, uma maior liberdade associada a um maior conhecimento de mundo. Quem sabe assim, levantando pontos e debatendo ideias, seja possível combater os riscos do aumento desse problema.