Enviada em: 21/10/2018

Tema: Prejuízos do álcool na adolescência         A ficcção de Jorge Amado, na obra "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água", é marcada pelo alcoolismo do personagem homônimo, denunciando uma realidade comum no Brasil. Hodiernamente, essa conjuntura passou a ser vivenciada pela população adolescente, haja vista o aumento do consumo precoce de bebidas alcoólicas pelos jovens. Com efeito, urge discutir os prejuízos dessa problemática frente às causas histórico-sociais.         Em primeiro lugar, a propagação de uma cultura que incentiva os menores de 18 anos a consumir álcool se sobrepõe à consciência sobre os riscos dessa prática. Segundo a Constituição Cidadã, em seu artigo 227, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar os direitos básicos dos jovens. No entanto, observa-se que esses agentes, direta ou indiretamente, destoam de seu papel social no que tange à saúde - a família e a sociedade incentivam, em alguns casos, a ingestão precoce e o Estado não fiscaliza as propagandas que "romantizam" as bebidas. Esses aspectos são férteis para o senão discutido, fato corroborado por um levantamento do IBGE, no qual 1,5 milhão de pré-adultos já beberam. Por conseguinte, diante da relativização dos efeitos negativos - dificuldade de aprendizagem e de socialização, problemas de coordenação e acidentes de trânsito -, a coletividade é um fator de estímulo.          Em segundo lugar, as consequências da ingestão dessa substância na adolescência podem ser refletidas no futuro adulto. No livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis, antecipando as ideias de Freud, afirmou que "o menino é pai do homem", dessa forma aspectos cultivados na juventude são levados para o restante da vida. Porquanto, o consumo exagerado do álcool nessa fase da vida favorece a formação de um indivíduo alcoólatra,  ademais, consoante a tese de psicólogos e psiquiatras, esse poderá desenvolver transtornos como depressão e esquizofrenia.            Destarte, os prejuízos citados demonstram a necessidade de combate a essa questão. Cabe ao Ministério da Saúde, com o auxílio da CONAR, haja vista a ação publicitária desse órgão, diminuir o número de propagandas de bebidas alcoólicas e criar novas campanhas que apresentem os efeitos negativos do consumo precoce, com vistas ao fim da romantização de tal substância e à criação de uma mentalização, na família e nos jovens, sobre os riscos. Por sua vez, o Ministério da Educação deve criar palestras em todas as escolas do Brasil, por intermédio da contratação de psicólogos e de psiquiatras que atendam aos pais e aos filhos, objetivando acabar com a normalização da ingestão por essa parcela do povo. A posteriori, realidades como a de Quincas, na adolescência, serão superadas.