Enviada em: 31/10/2018

No período entre 1960 e 1970, surgiu, no Brasil, uma corrente de Contracultura, marcada por um ideal libertário e revolucionário. A parcela juvenil, majoritariamente envolvida, promoveu manifestações e festivais, nos quais o consumo de drogas e álcool era descomedido e exacerbado, marcando uma das faces desse movimento. Após anos decorridos, tem-se na sociedade hodierna, sob ótica perniciosa, um comportamento dos jovens análogo ao da geração "desbunde" no tocante ao uso de ilícitos e de álcool. Segundo o IBGE, mais da metade dos adolescentes já se enquadram como consumidores regulares, não obstante, de modo ilegal. Infere-se, pois, uma ignominiosa displicência não só do corpo social, mormente dos familiares, mas também do poder governamental.  No que tange às origens dessa problemática, a necessidade de autoafirmação dos púberes é protagonista. Consoante a Erik Erikson, a tarefa crucial da adolescência é a construção da identidade. Assim posto, constata-se, axiomaticamente, que esse processo de autoconhecimento na atual sociedade, ainda patriarcal, conduz os meninos ao consumo precoce como forma de provar masculinidade e as meninas, como meio de mostrar-se descolada, sobretudo nas redes sociais. Ademais, há ainda o incontrovertível "efeito manada" nessa faixa etária, explicado pela premissa de Regina Navarro, na qual acredita-se que para ser aceito socialmente é inescusável agir igual aos outros, inferindo, portanto, a considerável influência do grupo no uso de entorpecentes.  Em suma, conforme Isaac Newton, toda ação gera uma reação de similar intensidade. Analogamente, constata-se que com o consumo prematuro e desenfreado, os efeitos das drogas e das bebidas alcoólicas têm periculosidade exponencialmente aumentada. O adolescente tem o desenvolvimento mental e psicológico comprometido, podendo desenvolver transtornos, déficit de atenção, retardo e até dependência química e insere-se em uma posição mais vulnerável pois está mais propenso de realizar atos sexuais sem preservativos e contrair DSTs. Outrossim, a possibilidade de acidentes de trânsito torna-se maior e mais preocupante, haja vista que essa é a maior causa de morte de jovens no país.  Dessarte, urge extinguir esse imbróglio da sociedade brasileira. Cabe à comunidade de ensino, juntamente às famílias, trabalhar a formação identitária na adolescência com mais zelo e romper com o ideal de que os entorpecentes são meios para alcançar prestígio, por meio de palestras com profissionais das saúde acerca do uso de drogas e de álcool, abordando os malefícios atuais e futuros e trazendo o máximo de informações desde cedo nas escolas, que mostrem o quão nocivo um simples ato irresponsável de autoafirmação pode representar na vida deles. Objetiva-se com isso identificar e tratar os adolescentes que estão no quadro de risco, de forma a evitar que ele seja aumentado.