Enviada em: 13/08/2019

A série “Euphoria” traz à tona, de maneira explícita e polêmica, temas acerca da juventude. Dentre eles, destaca-se o drama de Rue Bennett, uma adolescente de apenas 17 anos viciada em álcool e drogas e que luta para encontrar o seu lugar no mundo. No que tange à realidade, o consumo de substâncias psicoativas transcende o aspecto ficcional e, hodiernamente, está ainda mais presente na vida dos adolescentes brasileiros. Assim, é fulcral uma análise crítica acerca das causas, bem como os prejuízos biopsicossociais fomentados em decorrência dessa problemática.   A priori, é válido reconhecer a adolescência como uma importante fase de mudanças físicas, psicológicas e sociais. Sob esse viés, os jovens estão ainda mais suscetíveis às experimentações de substâncias lícitas ou ilícitas que, em geral, tem relação direta com o fenômeno da pressão de pares e pela necessidade de aceitação social. Com efeito, tal conjuntura é análoga ao “fato social” formulado por Émile Durkheim, no qual consiste nas maneiras de agir e pensar contribuindo para que os indivíduos sigam um comportamento coletivo generalizado.   Outrossim, há uma pretensa normalidade quando se trata das bebidas alcoólicas, inclusive, sendo exaltada nas letras das músicas e nas propagandas midiáticas, tornando-se também um fato de incentivo ao precoce consumo. Afinal, de acordo com o filósofo Rousseau, o ser humano é um produto do ambiente em que está inserido. Contudo, vale ressalvar que o uso de qualquer droga antes da maturação do cérebro, aproximadamente vinte e um anos, aumenta o risco de dependência e acarreta em consequências cognitivas e emocionais que podem perdurar por toda a vida.   Fica evidente, portanto, a premência do Ministério da Educação reforçar a transversalidade dos temas presentes sob várias formas na vida cotidiana e, em consonância com o Ministério da Saúde, promover ainda mais a interação das escolas e famílias. Partindo dessa premissa, as unidades de ensino - outra importante difusora de informação e formadora de opinião - deve abordar os assuntos pertinentes aos efeitos nocivos das substâncias  psicoativas, por exemplo, a intoxicação do corpo, a dependência química, e os danos cognitivos e emocionais. Para isso, palestras proferidas por especialistas em áreas afins, psiquiatras e sociólogos, devem atuar em prol da gradativa conscientização de toda a comunidade escolar. Ademais, disponibilizando materiais informativos e estimulando o diálogo entre os responsáveis e os alunos. Assim, teremos um significativo avanço visando para auxiliar tanto os pais, quanto os educadores no enfrentamento desse problema de saúde pública.