Enviada em: 07/08/2017

Sociabilização Inconsequente   De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, os indivíduos realizam no consumo a sociabilidade. Nesse sentido, o álcool assume o protagonismo entre os jovens, que tornam esse tipo de droga um mecanismo de efetivação social. Diante desse aspecto, o falho instrumento público de fiscalização, aliado ao leniente descaso familiar frente ao consumo de álcool pelos adolescentes apenas fomenta este deplorável e crescente ato comportamental.     Mormente, é válido ressaltar a (in)funcionalidade de mecanismos legais em relação à venda de bebidas alcoólicas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 70% dos adolescentes de 13 a 16 anos já experimentaram bebida alcoólica. Sob essa óptica, nota-se que o alarmante dado supracitado é reflexo da ineficácia da lei que criminaliza venda de álcool a menores, além da recrudescente permissividade dos pais sobre o consumo desse tipo de bebida.     Além disso, o incipiente consumo de droga lícita exsurge posteriormente na busca por outro tipo de droga: a ilícita. Pesquisas realizadas pela Universidade da Flórida comprovam que o álcool é a "porta de entrada" para o consumo de substâncias ilegais, como a maconha, cocaína e heroína. Por conseguinte, muitos jovens vão além da simples tentativa de sociabilizar, pois grande parte adentra ao mundo do tráfico, e isso gera problemas sociais, como o aumento da criminalidade no país.    Urge, portanto, medidas que mitiguem essa problemática no Brasil. A sociedade civil organizada deve exigir do Estado maior rigor na punição e na fiscalização de estabelecimentos comerciais que realizam venda de bebidas a menores, multando e interditando comércios que ignorarem a lei. Outrossim, o Governo Federal, aliado a mídia, deve incentivar o apoio familiar à causa, promovendo debates e palestras que instiguem a responsabilidade social da família perante  seus adolescentes. Assim, o comportamento social previsto por Bourdieu poderá ser contornado.