Enviada em: 08/03/2018

Durante a segunda fase do Romantismo no século XIX, jovens literários brasileiros, a exemplo de Álvares de Azevedo, demonstravam em suas obras uma vida boêmia, “regada” ao uso de drogas e vícios constantes. Nesse contexto, lamentavelmente, tal literatura mostra-se mais atual do que nunca, haja vista a postura exagerada no consumo de álcool e de outras drogas pelos jovens brasileiros, uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Nesse âmbito, convém analisar as vertentes que englobam tal problemática.       Em primeiro plano, é indubitável que a manutenção e a intensificação do consumo dessas substâncias pelos jovens, estão intimamente relacionadas com a coerção dos meios midiáticos, juntamente com sua normalidade perante a sociedade. Nesse viés, quando Nietzsche, filósofo alemão, afirmava que “nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo”, parece prever uma realidade como a de uma sociedade em que órgãos de comunicação tendem a persuadir o tempo todo, fazendo o uso de propagandas cada vez mais elaboradas, favorecendo uma massa consumidora que tende a reproduzir tais valores. Soma-se a isso, o papel social do álcool entre os adolescentes, considerado como um “rito de passagem” para a vida adulta, bem como um meio de serem aceitos no grupo.        Outrossim, vale ressaltar também os efeitos degradantes que tais substâncias psicoativas provocam na vida do indivíduo. Dessa forma, é factível que o consumo precoce além de trazer consequências maléficas à saúde, pode potencializar a dependência química e desenvolver, ao longo do tempo, alterações psicológicas. Fato preocupante, visto que, segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) mais da metade dos jovens menores de 18 anos de idade, já consumiram algum tipo de droga. Assim, torna-se evidente que o aumento do consumo de álcool e de outras drogas pelos jovens brasileiros, apresenta-se como um entrave que necessita ser revertido.         Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, faz-se necessária a atuação Governamental, por intermédio do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, fiscalizando e punindo financeiramente as empresas, a exemplo das cervejarias, que realizam a propaganda massiva, bem como exigindo que tais empresas evidenciem nos rótulos de seus respectivos produtos -como as imagens mostradas em carteiras de cigarro- algumas das consequências maléficas que essas substâncias causam ao corpo do indivíduo. Ademais, é de fundamental importância o debate no ambiente familiar, a fim de rever sua suposta normalidade. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Nietzsche pudesse se orgulhar.