Enviada em: 26/10/2018

Pandemia em questão            Na década de 1920, o mundo passou por uma revolução no sistema de saúde com o desenvolvimento da Penicilina. O otimismo gerado pela descoberta levou ao uso abusivo dessa substância e culminou com o surgimento do que hoje se conhece por "Super-bactéria". O crescente número de usuários e aplicações dos antibióticos revelam, no entanto, que poderemos ficar à mercê de epidemias novamente. Dessa forma, é preciso enxergar medidas que transformem esse sistema, maximizando a qualidade dos  antibióticos e minimizando a dependência humana dos mesmos.           Em um primeiro plano, deve-se entender que o desenvolvimento de novas antibioterapias requerem tempo e uma grande quantia em dinheiro investido. Nesse sentido, a quantidade de descobertas no ramo das antibioses, que já não são muitas, possuem chances consideravelmente baixas de se sucederem.  Como ressalta o presidente da Fundação para a Saúde, Constantino Sakellarides:  "antibióticos devem ser financiados pelo estado pois são menos rentáveis, mas muito necessários". Logo, é preciso uma intervenção direta do Governo para a criação de fundos internacionais de pesquisa para desenvolver novas drogas bactericidas, de modo a combater com mais eficácia possíveis bacilos super resistentes.            Entretanto, ainda que haja mais drogas, aquelas que estão circulando devem ser regularizadas, de modo que o consumo indiscriminado seja contido e o surgimento das super-bactérias evitado. De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), cerca de 10 mil casos envolvendo micróbios super-resistentes foram registrados em 2012 nas UTIs (Unidade De Tratamento Intensivo) brasileiras. Para amenizar tal quadro, o Ministério da Saúde, em conjunto com os órgãos de educação municipais, precisa promover campanhas de advertência contra o uso indiscriminado de drogas bactericidas pela população. Afinal, não basta apenas produzir mais drogas se a população não está consciente de seus riscos.            Torna-se evidente, portanto, que os países do mundo precisam administrar de forma mais consciente a produção e aplicação de antibióticos. Com esse objetivo, além das medidas anteriormente citadas, a criação de um órgão fiscalizador pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a demanda de drogas antibióticas nos países imporia um fim ao abuso da sua utilização e reduziria a demanda pelo desenvolvimento de antibióticos mais potentes, sendo dever de cada Estado respeitar a legislação internacional. Assim, a redução das possibilidades de uma pandemia de super-bactérias certamente será efetivada.