Enviada em: 25/08/2017

Em 1941, o médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming produziu o primeiro antibiótico: a Penicilina. O medicamento, derivado do bolor, era capaz de acabar com infecções bacterianas rapidamente. A indústria de bactericidas evolui muito desde então, contudo, a difusão desses fármacos propiciou, no Brasil hodierno, o surgimento de microrganismos super-resistentes. Nesse contexto, há dois fatores que não podem ser negligenciados, como o acelerado mecanismo de evolução das bactérias e o aumento expressivo da produção de antibióticos.      Mormente, é indubitável que as leis evolucionistas de Darwin estão ligadas à origem das superbactérias. Segundo a teoria do cientista, as espécies evoluem por meio de mutações que permitem sua sobrevivência perante adversidades no meio. É importante ressaltar que, em seres que se reproduzem rapidamente, como as bactérias, esse processo pode ocorrer em poucas horas. De maneira análoga, percebe-se que o uso de antibióticos seleciona os microrganismos mais resistentes, fato acentuado em condições de uso sem acompanhamento médico, como é notável na realidade brasileira.      Ademais, convém frisar que o aumento expressivo da oferta desses medicamentos comprovam, também, a participação da automedicação na criação desse problema. Segundo dados de 2015 do Ministério da Saúde, a produção de antibióticos aumentou 30% entre 1990 e 2013. A mesma entidade afirma que, no mesmo período, o número de mortes decorrentes de superbactérias aumentou 43%. Dessa forma, vê-se que ao ampliar o uso dos bactericidas no combate às infecções, ampliou-se, em proporção semelhante, a probabilidade de uso indiscriminado e transmissão dos agentes mutantes, fato corroborado pela consoante variação de mortes.      Em virtude dos fatos mencionados, entende-se que a melhora do quadro dar-se-á com a mobilização da população e do Estado. É imprescindível que o Governo Federal, por meio Ministério da Educação, acrescente ao currículo do Ensino Médio uma disciplina que trate das doenças infecciosas, desde o nível citológico das bactérias até sua ação e reprodução na parte fisiológica. Além disso, o Ministério da Saúde deve promover campanhas constantes na mídia que visem esclarecer aos que não frequentam mais as escolas sobre os perigos da automedicação. Outrossim, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve aumentar a fiscalização em estabelecimentos distribuidores de fármacos, evitando vendas sem prescrição médica. Destarte, poder-se-á afirmar que que o Brasil oferece os mecanismos necessários à mitigação dessa problemática e Fleming será ainda um pioneiro na produção de medicamentos eficientes.