Enviada em: 19/05/2017

Perdurou-se no Brasil que  cidadão é aquele que vota, expressando-se minimamente, politicamente - bem como a ideia de que "política não se discute". No poema Alienação Política, de Brecth, o autor aborda esse desinteresse do indivíduo de participar da vida pública de sua comunidade. Contudo, as redes sociais têm se mostrado um importante instrumento capaz de recuperar, mesmo que aos poucos, essa perda cidadã.    Segundo Jean-Pierre Vernant, "a palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica". Indubitavelmente, esse cenário contrastante está crescendo exponencialmente nas redes, através da exposição de diferentes opiniões no que tange às relações sociais na esfera pública. Assim, mesmo sem perceber, está se fazendo política. Nesse sentido, é notório a importância desses veículos de comunicação capazes de fazer com que as pessoas se sintam pertencentes a comunidade e queiram dela participar e interferir, haja vista que o cidadão não se forma pela determinação da Justiça Federal no que tange o direito ao voto.    Os mais diversos assuntos referentes à "res pública" (coisa do povo) são abordados de forma contundente e engajada na internet por parte do cidadão brasileiro. Ações como a do Greenpeace, uma organização mundial que atua também no Brasil a fim de defender a biodiversidade do país, promove frequentemente petições - as mais recentes para defender os corais e a floresta Amozônica - que são enviadas para Brasília pressionando os representantes, no intuito de fazer valer a voz do povo. Abster-se do uso da palavra constitui uma grande falha no processo de ampliação dos direitos democráticos e, é preciso dizer que, a língua também é uma forma de expressar o domínio das classes superiores, como corrobora o livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, em que a família apresenta nem mesmo dialoga, tamanho é o descaso do Poder Público com essas pessoas.    Diante dos argumentos supracitados, é notório o crescente engajamento cidadão. Contudo, é preciso ampliar esse debate, tornando a política parte da vida cotidiana. Nesse sentido, sabendo que frequentemente a voz do povo não é representada, o cidadão que frequenta espaços de discussão ou que utiliza-se da internet deve, não apenas reconhecer seus privilégios diante de marginalizados, como também defender os direitos que, em tese, todos deveriam ter, como os deveres. O Ministério da Educação, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais, deve desenvolver uma disciplina referente ao ensino das leis, ensinada desde o ensino fundamental, para que saibamos reconhecer nossos direitos e assim, permitir reinvindicá-los.