Enviada em: 23/05/2018

O sociólogo francês Emile Durkheim, vivenciando e estudando as transformações sociais do século XIX, notou que o crime existe em todas as sociedades e que é algo útil, já que a repetição de certos atos indicam algum problema que necessita de correção. Nas últimas três décadas houve um aumento da violência urbana e se associa tal fenômeno fortemente ao narcotráfico, onde quem consome drogas rouba e furta para alimentar o vício, e quem vende precisa manter e conquistar territórios nas cidades. Apesar do problema ser fortemente negligenciado pelas autoridades, há alternativas que poderiam ser tentadas para deixarmos de ser o país com maior número de homicídios no mundo.       A repressão policial tem sido o principal meio da resposta do poder público. É evidente o fracasso de tais políticas, como o encarceramento em massa e a manutenção da sensação de insegurança da população. Um pequeno traficante por exemplo, ao ser preso, provavelmente encontrará na prisão um recrutamento ao crime organizado, já que estas viraram uma escola do crime. É necessário, por exemplo, alocar em presídios diferentes pequenos e grandes traficantes, além de uma lei definindo quantidades de droga para classificação de posse ou tráfico, a fim de evitar deixar a livre interpretação de policiais da lei, levando a abusos.       Já a descriminalização de drogas, ao invés da cegueira ideológica, deveria ser outra alternativa a ser considerada. Países como Holanda e certos estados americanos testaram e estão a obter resultados positivos. Tira-se o poder do traficante e abre espaço a discussões para desencorajar o consumo, tais como existem com o tabaco.       Se o crime persiste, é óbvio que algo está errado. A descriminalização e delimitação de quantidade de posse é um caminho para o começo do combate as causas da violência, além do investimento em educação, que é muito mais barato que manutenção de presos e é a mais poderosa ferramenta de evitar que os jovens se aliciem ao macabro mundo do narcotráfico.