Enviada em: 21/06/2018

"A praga do narcotráfico exige um ato de coragem de toda a sociedade" é o que pondera sobre o assunto o Papa Francisco, chefe da igreja católica. Dessa forma, nota-se hoje, no Brasil, uma guerra ao tráfico de drogas, na qual a força opositora encontra-se em vantagem, tendo em vista, a elevada taxa de desemprego que afeta, principalmente, as classes socioeconômicas mais baixas, alvo do narcotráfico e a dependência química dos usuários, base de toda a problemática.       A priori, é relevante, o fato de que situações desfavoráveis levam a busca de soluções alternativas que, por vezes, configuram-se de natureza repudiável. A saber, é o que acontece na série americana "Breaking Bad", na qual o personagem Walter White ao descobrir ser portador de câncer de pulmão, sem condições financeiras para arcar seu tratamento, encontra na produção e comercialização de metanfetamina, ao seu ver, o único modo de sanar seu problema. Analogamente, por motivos menos nobres, encontra-se a maior parcela dos envolvidos no narcotráfico no Brasil, quer, por carência de ofertas de trabalho, quer, por inaptidão para o exercício de cargos dependentes de profissionalização, casando com a ideia de Immanuel Kant de que o homem é o que a educação faz dele.       Outrossim, é possível atribuir à "dependência química" a genuína força impulsionadora, definida pela Organização Mundial de Saúde como  doença crônica caracterizada pela submissão do metabolismo basal humano ao consumo periódico de tóxicos. De forma que, de acordo com Pablo Neruda, o homem é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências, assim sendo, o usuário, a princípio, tem a opção de recusar iniciar o consumo de drogas, porém ao converter-se dependente fica a mercê da sua enfermidade, quando de forma negativa, não mede esforços para nutri-la, e em virtude disso, financia e pereniza o mercado ilegal de tóxicos.       Destarte, urge ao Estado, por intermédio do Ministério da Saúde combater e prevenir o primeiro contato com entorpecentes através de campanhas publicitárias persuasivas que mostrem com afinco e sem censura os males causados por eles, além de incentivo ao tratamento dos atuais dependentes e criação de centros públicos para a reabilitação destes. De tal sorte que, cessando a procura, cessa-se também a oferta. E por fim, através do Ministério da Educação construir escolas, em larga escala, de ensino básico e profissionalizante com ofertas de estágios remunerados e emprego após conclusão nos locais onde se concentra a população alvo do tráfico, desse modo, dando-lhe forma de sustento digna. Assim, retiramos do tráfico de tóxicos, simultaneamente, seus patrocinadores e seus operadores, freando-o finalmente.