Enviada em: 15/08/2018

"Não se nasce mulher, torna-se", a célebre frase da filósofa Simone Beauvoir norteia o atual rumo da discussão de gênero, dissociando a identidade feminina e masculina de seu gênero biológico. A abordagem com esse viés é fundamental para compreender a transexualidade e conhecer mecanismos de combate a transfobia, em especial no Brasil, país com maior número de LGBTs assassinados e com uma forte tradição patriarcal. Os transexuais enfrentam diversos desafios, em especial a violência sofrida nos aspectos físicos e psicológicos, senão os dois juntos.       O caráter repressivo é, primeiramente, psicológico. Apesar do Brasil ter uma legislação progressista no direito da população transexual,  na prática, a violação destes é sistemática. Preconceito no mercado de trabalho e problemas de aceitação na família levam esses indivíduos frequentemente a prostituição, consumo de entorpecentes e depressão. Acrescenta-se a isso o fato de poucas políticas voltadas ao público, que depende quase exclusivamente de ONGs para serem acolhidos e representados.       Além do isolamento que acarreta problemas emocionais, a violência física é notória, com términos fatais frequentes. Os casos são de norte ao sul do país, como por exemplo no Ceará onde uma mulher trans foi apedrejada até a morte. Com tamanha vulnerabilidade social, homens e mulheres que nasceram no corpo errado tem uma chance maior de morrer por uma única razão: tentar ser quem é, condição para a felicidade, direito assegurado na Constituição Federal de 1988.       Portanto, o problema deve ser norteado em tentar tornar a sociedade mais tolerante com o apoio governamental para assegurar a proteção desta população. A ideologia de gênero deve ser discutida e educada nas escolas sendo incluída na base curricular do MEC, esquivando do perigoso rumo religioso ao tema, além de reforçar a transfobia como um crime de ódio, assim como o racismo, aumentando as penas dos agressores e ratificando a não aceitação do preconceito. Não se nasce preconceituoso, torna-se, mas ao contrário do gênero, o indivíduo é capaz de mudar.