Enviada em: 29/08/2017

Integrante do projeto Transcidadania, em São Paulo, Aline Marques, apesar do sexo biológico masculino, se identifica como parte do universo feminino. Por esse motivo, ela é constantemente vítima do ódio e discriminação oriundos de uma parcela intolerante da população. Casos especificos à parte, o contexto vivido por Aline é compartilhado por milhares de cidadãos, haja vista o caráter individualista intrínseco à sociedade e a contribuição dogmática de um país majoritariamente cristão, percebe-se que a problemática necessita de medidas intervencionistas do Estado.     Em primeiro plano, é valido observar que a intolerância e o preconceito contra minorias homoafetivas ganharam forças desde o último século. Nesse ínterim, o sociólogo Zigmunt Bauman defende, na obra "Modernidade Líquida", que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da pós-modernidade, e, constantemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Dessarte, é imperioso sobrelevar o crescente número de homicídios homofóbicos contra a comunidade LGBT. Entre os anos 2000 e 2016 evidenciou-se um aumento de 261% de vítimas segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), comprovando uma relação condicionante à discriminação  como exposto por Bauman.    Outrossim, no que tange a conjuntura de práticas religiosas, sobretudo do cristianismo, é notório uma base teórica contribuinte para a cotidiana intolerância contra a comunidade LGBT. Na Idade Média, por exemplo, a instituição católica denominada Inquisição perseguia e torturava homossexuais cognominando-os como hereges. Dessa forma, o preconceito de origem histórico-cultural hodierno reflete o legado de uma religião intolerante ao homossexualismo. Por conseguinte, no Brasil - mediante uma colonização influenciada por padres jesuitas - percebe-se que ocorre uma contribuição dogmática a qual sustenta as manifestações homofóbicas.      Com efeito, urge a necessidade da intervenção estatal para reestabelescer o equilíbrio do corpo social. A priori, o Poder Executivo deve aprovar um projeto de lei que correlacione crimes homofóbicos aos crimes racistas, sobrelevando a pena, também, para concomitantes manifestações, sobretudo, preconceituosas e intolerantes. Da mesma forma, o governo federal deve intervir em qualquer indício religioso que seja condicionante à homofobia por meio de um debate com os líderes religiosos em busca de um concenso que respeite os direitos humanos. Só assim, o país torna-se-á mais plural e justo.