Enviada em: 17/09/2017

A utopia de Policarpo Quaresma frente à perspectiva gregoriana   Habitado inicialmente apenas pelos indígenas, colonizado pelos portugueses, governado durante sessenta anos pelos espanhóis, alvo de imigrações e com um passado escravocrata, o Brasil se tornou uma nação culturalmente diversificada. Contudo, ainda que a heterogeneidade seja uma das principais características do país, a discriminação caracteriza um grave problema frente à ética brasileira, sobretudo, a transfobia, figurando a necessidade de providências que considerem aspectos sociais e políticos.   Decerto, o nacionalismo exacerbado sempre foi expresso na literatura tupiniquim. Nessa perspectiva, ao observar a visão utópica de Policarpo Quaresma — personagem da obra de Lima Barreto — é possível questionar, se frente ao Brasil contemporâneo, personagem tão patriota ainda orgulharia-se de ter sua naturalidade em um país expressamente transfóbico, no qual, ainda que a discriminação de gênero tenha ocasionado mais de trezentas mortes de LGBTs no Brasil, o assunto continua sendo omitido pelo sistema midiático, contribuindo à escassez de conhecimento da sociedade no que tange à transgêneros.       Por conseguinte, o Poder Público Nacional parece ignorar a gravidade do problema. Desse modo, embora o Grupo Gay da Bahia (GGB) tenha registrado números que posicionam o Brasil como o país que mais assassina minorias sexuais no mundo, ainda não há uma lei que legitime a LGBTfobia como crime equiparado à racismo. Destarte, quando Gregório afirma "não sabem governar sua cozinha e podem governar o mundo inteiro", parece prever os reflexos de uma sociedade com impasses ignorados pela Administração Federativa.     Levando em consideração tais enfoques, torna-se imprescindível medidas que visem a diminuição do discurso de ódio à transgêneros no Brasil. À vista disso, faz-se necessária a atuação do Ministério das Comunicações em parceria ao Ministério Público, na realização de propagandas comerciais de televisões que abordem a identidade de gênero no mundo hodierno, com o intuito de informar e persuadir os brasileiros no maior respeito à comunidade LGBT. Outra iniciativa plausível, primordialmente, é a elaboração de um lei que criminalize a LGBTfobia por meio da sua equipação à racismo, realizada pela Gestão Legislativa, com a intenção de garantir maior asseguramento de suporte do Poder Público Federal às minorias sexuais. Nesse contexto, a utopia de Policarpo Quaresma tornará-se genuinamente menos verídica frente à perspectiva gregoriana.