Enviada em: 26/09/2017

Das ceroulas de Luís XIV ao androginismo de David Bowie       No retrato de Luís XIV, por Hyacinthe Rigaud, chamado “Rei da França e de Navarra”, explora-se a imagem do “Rei Sol”. Este, posa ao artista de forma emblemática, assim como suas vestes, composta não só por uma espada e uma longa capa - elementos masculinos -, mas também por ceroulas e um sapato de salto - objetos femininos. Tal fluidez entre peças de ambos os gêneros pode explorar a relação de Luís XIV e sua androginia. Hoje em dia, porém, a liquidez entre esses dois modelos é visto como uma forma de transgressão, como apresentado por artistas contemporâneos, como David Bowie e Grace Jones, por exemplo. Trata-se, então, de uma modernidade ambígua. No passado, um poderoso rei via-se fortalecido com seus artigos andróginos; hoje em dia, porém, devido a preconceitos, tal comportamento é visto como contravenção. De tal forma, aumenta-se uma perigosa intolerância frente a esses indivíduos, gerando a morte deles, em crimes conhecidos como de transfobia.       Esta busca por modelar os indivíduos contemporâneos a moldes é a principal forma de preconceito da atualidade. Explorado no mito grego de Procusto, no qual este, acolhe viajantes em sua casa, porém os faz dormir em sua cama - preparado a partir de um modelo, um molde, um padrão -, assim quando um pouco de suas pernas sobram nesta, Procusto as cortam, evidenciando sua política intolerante e os encaixando a um protótipo. Tal metáfora ainda é válida nos dias atuais. Procura-se enquadrar todos os indivíduos nos gêneros masculino ou feminino, porém não aceita-se a mudança entre eles. Tal preconceito, então, é um grave crime de ódio contra a população transexual, os quais vêm nesta fluidez e trocas a sua identidade como ser humano.       No encontro por essa identificação, muitos trans são vítimas do mesmo preconceito que sofrem, em consequência, porém de forma mais brutal, através de crimes de transfobia. Tais atos brutais são frequentes na realidade brasileira. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, dados fornecidos por ONGs especializadas, como o Grupo Gay da Bahia (GGB). Esta informação é alarmante e demonstra a necessidade de se conter esses assassinatos transfóbicos.       No mundo, assim como no Brasil, portanto, estabelece-se um caráter ambíguo com a História. De um lado, no passado, o “conflito” de gêneros era representado de forma poderosa. Já no momento atual, em contraste, tal fato é visto como transgressor, fonte de preconceitos. No intuito de resolver esta problemática, pode-se criar uma campanha intitulada “Basta de transfobia!”, no qual estudantes serão responsáveis por gravar vídeos explicando e neutralizando o preconceito da população em geral. Tal campanha, então, pode ser transmitida pelas redes sociais e mídias, no intuito de educar os brasileiros.