Enviada em: 13/10/2017

Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da "modernidade líquida" vivida no século XX. Nesse contexto, as manifestações de transfobia, oriundas de fatores culturais intrínsecos do homem, bem como da falta de conhecimento e de proteção para com essa minoria social, são reflexos negativos dessa realidade.       A princípio, a problemática tem origem nas variantes humanas relacionadas diretamente com fatores culturais e internos dos indivíduos. Nesse sentido, a concepção freudiana afirma que as experiências  internas de cunho cultural do ser humano balizam o seu comportamento frente às diferenças sociais e culturais. Assim, analogamente ao entendimento do psicanalista, observa-se que as manifestações culturais da sociedade, principalmente, quando eivadas de expressões internas de religiosidade e de conservadorismo produzem a expressão externa da transfobia, sendo representada pela não aceitação do conceito e do modo de viver dos homossexuais, transexuais e das lésbicas.       Outro fator preocupante é o desconhecimento social e a redução da malha protetora do Estado para com o público "Trans". Sob essa conjectura, observa-se a elevação dos índices de violência, suicídio e dos casos de depressão envolvendo esse público. Destarte, segundo dados da ONU, a cada cinco episódios de suicídios no mundo, um tem relação direta com homossexuais. Cabe também salientar o aumento exponencial de homicídios , referenciado pelos 350 casos de assassinatos em 2016, contra o público LGBT( lésbicas, gays,bissexuais e transexuais). Assim, com esse aumento expressivo de violência, recai sobre o homem, sociedade e Estado o compromisso de tornar a sociedade menos intolerante, conferindo a todos a proteção normativa descrita no artigo 5º da Constituição Federal que assegura aos indivíduos o direito de liberdade sexual.       O combate à liquidez citada anteriormente, a fim de conter o avanço dos casos de transfobia no Brasil, deve tornar-se efetivo, uma vez que representa um retrocesso social. Sendo assim, é importante que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos em parceria com Ministério da Educação intensifique as ações educativas voltadas para o fim do preconceito contra a sociedade LGBT. Além disso, o Ministério da Saúde deve criar Centros de Atenção Psicossocial voltados para tratamento e proteção da depressão envolvendo o público homossexual, com fito na redução dos casos de suicídios. Por fim, é necessário que os Governos Estaduais criem delegacias especializadas de crimes contra a população LGBT, com intuito de investigar e judicializar de forma mais precisa essas infrações penais, diminuindo a sensação de impunidade dos criminosos. Desse modo, com tais medidas, poder-se-á transformar e balizar a nossa sociedade com igualdade e justiça social.