Enviada em: 12/03/2018

Os altos níveis de violência no contexto histórico brasileiro, assim como dos outros países da América Latina, contribuíram para a formação de uma sociedade intolerante e preconceituosa, sendo frequentes os casos de transfobia no país. Como evidencia-se na canção “Geni e o Zepellim, do cantor e compositor Chico Buarque, a qual aborda a crueldade no tratamento dado a Geni pelos habitantes da cidade onde povoa, simplesmente por ser transexual.        No Brasil, a vida dos transexuais é dificultada das mais diversas formas. Segundo a Organização Não Governamental “Transgender Europe”, o pais é o que registra os maiores índices de assassinatos de transexuais e travestis no mundo. Geralmente, os problemas começam com a rejeição das famílias, as quais não sabem lidar com a situação e os recriminam, e no próprio ambiente escolar, onde são hostilizados e violentados, indicando a falta de preparo da educação brasileira. Também, essas pessoas enfrentam uma séria exclusão no mercado de trabalho, de modo que profissionais competentes deixam de ser contratados pela discriminação existente. Além disso, a atenção à saúde de transexuais é recente e precária no Brasil, pois, até 1997, a cirurgia de redesignação sexual era proibida e a oferta do processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde só começou em 2008, evoluindo lentamente.       Por conseguinte, os impedimentos impostos a essas pessoas refletem em todas as esferas das suas vidas. O abandono familiar, a evasão escolar, decorrente do preconceito sofrido, e a dificuldade em adentrar no mercado de trabalho deixam muitos transexuais sem perspectiva de vida, vendo-se obrigados a recorrerem à prostituição. Conforme dados da União Nacional LGBT, no Brasil, a expectativa de vida de uma pessoa transexual é de 35 anos, uma vez que não existe uma legislação adequada para proteger esses indivíduos. Além disso, a falta de acesso aos serviços de saúde tem consequências perigosas: a ingestão clandestina de hormônios; casos de depressão e possíveis suicídios, ocasionadas pela falta do acompanhamento psicológico necessário.         Destarte, urgem medidas do Estado para a criação de uma legislação que realmente proteja os transexuais, punindo os agressores. O Ministério da Educação, por sua vez, deve distribuir materiais pedagógicos para auxiliar professores e realizar campanhas de sensibilização, acabando com a evasão escolar dessas pessoas e tornando a escola um lugar seguro. É importante que Ministério da Saúde precisa proporcione o acompanhamento necessário, ampliando a possibilidade de fazer a transição, para que todos possam viver de acordo com a identidade de gênero. Por fim, é imprescindível a conscientização da Sociedade Civil, com campanhas midiáticas, palestras e debates, de modo que o preconceito seja extinto e os transexuais possam viver dignamente, livres de perseguição.