Enviada em: 22/07/2018

O capitalismo e o torpor nas relações da cidade grande             Elevados de concreto, solos de asfalto, luzes intensas e a correria contra o tempo, essa conjuntura dos grandes centros reflete desde a Belle Époque até os Tempos Hipermodernos a exaltação de valores como o consumo, a estetização e o hedonismo. Sendo assim, em períodos de crises econômicas, políticas e desestabilização das relações humanas, a falta do sentimento de pertencimento e a fragilidade dos laços afetivos leva o indivíduo a situações de isolamento, e até mesmo à depressão e vícios.             Nesse contexto, o romance a Cidade e as Serras, do escritor Eça de Queiroz, traz uma reflexão a respeito do deslumbre dos progressos da ciência e da urbanização em oposição à vida em coletividade do campo no início do século XX. Entretanto, ainda é possível observar um otimismo em relação à vivência nas grandes cidades. Isso é visto nas dramaturgias, nas redes sociais e em "vlogs", na necessidade de descrever e exibir rotinas de consumo em fotos e vídeos para demonstrar uma felicidade falaciosa.          Ademais, quando alguém inserido nesse quadro enfrenta dificuldades financeiras devido ao desemprego e a falta de de inclusão social, sente-se ainda mais isolado diante do individualismo da esfera urbana. Nesse sentido, o filósofo Gilles Lipovetisky conceitua a hipermodernidade, caracterizada pelo consumo em massa e pela estetização, à medida que a sociedade torna-se cada vez mais insensível. Essa é a era do vazio.       Portanto, para reduzir os males causados pelo isolamento e pela omissão aos problemas sociais da vida urbana, que podem contribuir para casos de doenças psíquicas e dependência química, é preciso conscientizar esta sociedade imersa em efemeridades sobre o estado de apatia nos centros urbanos. Nesse viés, é preciso ressaltar a importância da Arte, pois essa tem uma linguagem fluída para dialogar com o público e despertar-lo da morbidez do individualismo gerado pelo capitalismo. Além disso, é necessário que o Estado invista nas artes, mas também promova a educação das Ciências Humanas nas escolas e outras instituições.