Enviada em: 28/05/2018

Através da literatura é possível perceber o caráter atemporal da questão das drogas. No ultrarromantismo, por exemplo, o escritor Alvares de Azevedo encontrava no ópio a fuga que precisava em seus momentos de melancolia. Hoje, o debate sobre a legalização da maconha revela que, apesar do protagonismo histórico, os danos provocados pelo uso de narcóticos não são compreendidos. Diante disso, as consequências individuais e coletivas merecem ser analisadas.        A princípio, convém destacar que o uso da maconha representa um risco ao desenvolvimento mental. Pesquisas no âmbito da neurociência revelam que os resultados psicodélicos dessa droga estão atrelados ao desequilíbrio da estrutura neurológica. Efeitos adversos como paranoia, diminuição da sensibilidade emocional e depressão representam os riscos inerentes  às substâncias químicas desse entorpecente. Por esse motivo, a legalização da droga por parte do Estado simbolizaria uma falta de compromisso com o direito à saúde firmado na própria Constituição Federal do País.       Em segunda análise, é notório que as implicações derivadas do uso das drogas podem ser sentidas em uma escala maior. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade contemporânea é marcada pelo egocentrismo e pela fragilidade das relações sociais. Nesse cenário, a livre venda–controlada ou não– de drogas como a maconha acarretaria em uma banalização dos prazeres individuais. Consequentemente, a configuração de um arquétipo de sociedade hedonista resultaria em uma consolidação da efemeridade das trocas interpessoais apontada por Bauman.       Torna-se evidente, portanto, que legalizar o uso da maconha não é a escolha certa. Sendo assim, é necessário que o governo busque, em parceria com a mídia, utilizar entrevistas com profissionais da saúde para expor os efeitos nocivos das drogas com o intuito de elucidar e afastar as pessoas do uso da maconha. Além disso, a escola, como modeladora dos padrões sociais, deve atuar na conscientização dos alunos através da exibição de palestras de ex-usuários com o propósito de amadurecer os jovens e evitar que o hábito nocivo seja iniciado. Assim, a os riscos dessa droga serão percebidos e sua legalização descartada.