Enviada em: 18/06/2019

"Vou apertar, mas não vou acender agora", o trecho da música malandragem dá um tempo, interpretada por Bezerra da Silva, reproduz o imaginário popular que associa o uso da maconha à marginalidade. Mesmo que, tratando-se de uma composição da segunda metade do século passado, sua função crítica social ainda se apresenta moderna. Embora, a comunidade científica já tenha comprovado seus benefícios, no Brasil, sua legalização tem sido negligenciada. Nesse contexto, faz-se necessário à abertura de um amplo debate sobre as suas aplicações na medicina e sua utilidade na indústria têxtil.    É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do problema. Segundo o filósofo Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio do Estado, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, no Brasil, a ausência de um profundo debate sobre o uso terapêutico da maconha na medicina rompe com essa harmonia, haja visto que a desinformação popular resulta no alargamento do fosso que separa a sociedade dos avanços médicos.     Outro ponto relevante, nessa temática, é a utilização das fibras de cânhamo na indústria têxtil importante ator econômico social. Por isso, rejeitar a utilização da planta neste domínio, representa abrir mão de uma saída mais econômica e sustentável para o setor. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se como o atraso tecnológico contribui para impulsionar os problemas do setor financeiro e sustentáveis no país.   Portanto, para garantir que a criminalização da maconha não permaneça como um entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Assim, faz-se necessário a formação de uma coalizão entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Educação e Cultura objetivando romper os antagonismos sociais através de debates públicos que discutam os benefícios da utilização da maconha, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria de Platão.