Enviada em: 30/10/2017

Coletividade reprimida              Solidão. Egoísmo. Ilusão. Na sociedade atual, é cada vez mais comum a existência de tecnoviciados, ou seja, pessoas que possuem uma dependência psicológica ou até mesmo física dos seus smartphones. Entretanto, essa condição não está ligada apenas às inovações tecnológicas, mas também à tentativa de usá-las para mascarar realizações consideradas inalcançáveis na vida real. Faz-se necessária, pois, uma ação que contribua para uma satisfação natural e saudável do indivíduo.                Primeiramente, muitos dizem que algumas redes sociais acessadas por celulares, como o notável facebook, promovem a aproximação interpessoal por meio da relação virtual de “amizade”. Esse pensamento, contudo, ignora o fato de a maioria desses casos representar um status quantitativo ao invés de uma verdadeira troca de palavras e carinhos, essencial a uma amizade plena. Dessa forma, o cidadão introvertido tem sua timidez justificada pela ilusão de que o seu vínculo ao smartphone lhe trará amigos sem a necessidade de contato, e isso é gradativamente transformado em desculpas para não buscar conhecer pessoas novas ao ar livre e fora de uma tela.                O smartphone é, mormente, uma ótima ferramenta para enganar e escapar dos debates, estes que costumam ser bastante intolerantes no Brasil. Para o sociólogo alemão Habermas, todo conflito pode ser resolvido por meio de um diálogo, desde que ambas as partes estejam dispostas a dialogar. Grande parte da população, todavia, enxerga o debate como um modo de convencer o outro do próprio ponto de vista de forma irracional. Esse ato é dificilmente realizado no mundo físico, no qual a réplica é constante e o tempo é curto. Pelo smartphone, por outro lado, a pessoa pode simplesmente expressar seu argumento por mensagens ou posts e deletar as respostas contrárias, se isolando nas suas opiniões e impedindo a ampla percepção das diferentes perspectivas na sociedade.             Percebe-se, destarte, que o tecnovício precisa ser mitigado por meio de mudanças nos pensamento e comportamento humanos. Para isso, a mídia pode estabelecer na televisão anúncios de tratamentos psicológicos acessíveis aos tecnoviciados, apresentando alguns fatores que indicam um possível vício. Em paralelo, as escolas podem exigir, ao longo de todo o ensino, projetos realizados todo período sobre cada disciplina que sejam elaborados e apresentados em dupla ou grupo, sendo valorizada a divisão igualitária de tarefas para a nota final. Assim, as condições psicológicas que geram o tecnovício seriam substituídas por um respeito e uma felicidade compartilhados por todos.