Enviada em: 17/10/2018

Assim como o poema "Vou-me embora pra Pasárgada" discorre sobre a cidade perfeita para Manuel Bandeira, a Constituição Federal elenca o direito à cidade ideal para a sociedade brasileira. A realidade, entretanto, contrapõe o ideário constitucional na medida em que a falta de política habitacional e a desigualdade regional são fatos que precisam ser mudados no Brasil.              O Brasil vivenciou no século XX intenso êxodo rural direcionado ao eixo Sul-Sudeste, decorrente do processo de industrialização nessas regiões. Essa mobilidade, portanto, gerou consequências e estruturas sociais nítidas na atualidade como, por exemplo, a ocupação caótica de espaços sem o interesse governamental de fiscalizar e oferecer serviços necessários aos novos habitantes. A partir dessa conjectura, iniciou-se o processo de favelização que se destaca nas periferias dos conglomerados urbanos e se define como um processo socioeconômico em que a falta de política habitacional ocasiona a marginalização de pessoas pobres.         Sob esse viés, observa-se que as diferenças regionais são fatores de destaque no que se refere à desigualdade de investimentos e atingem, principalmente, as pessoas marginalizadas. Essa realidade se comprova pelo estudo da ONG Movimento Nossa São Paulo que revela que os bairros mais ricos em São Paulo capital recebem 4 vezes mais investimentos públicos que os bairros pobres e, portanto, evidencia-se à dificuldade de mobilidade social vivenciada no Brasil e a urbanização heterogênea em regiões de uma determinada cidade.         Logo, observa-se que para haver melhorias que respeitem os preceitos constitucionais elaborados para uma cidade democrática, é preciso que o foco seja mitigar a segregação espacial existente no Brasil. Para isso, o Governo Federal deve investir em estudos regionais por estudantes de diversas áreas para que a repartição de receitas públicas viabilizem melhorar os locais focando nos problemas reais de cada região. Por conseguinte, a construção de conjuntos habitacionais em zonas periféricas investidos pela União também representa mudanças sociais positivas.