Enviada em: 17/10/2017

Infraestrutura Marxista  No início do século XX, Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro, promoveu uma reforma urbana inspirado na que fora feita em Paris décadas atrás. Essa transformação foi extremamente excludente e segregacionista, coagindo a parcela pobre da população a se realocar nas favelas. Embora esse episódio tenha se passado na República Velha, hodiernamente, o ostracismo urbano persiste e encontra causas estruturais e conjunturais para sua consolidação.  Em primeira instância, faz-se necessário analisar que as condições precárias e excludentes das cidades deriva de vários processos históricos de formação da malha urbana brasileira. Isso se dá devido, principalmente, a falta de um planejamento urbana eficaz das grandes metrópoles, pois, concomitantemente, uma industrialização tardia fomentou o crescimento desordenados das cidades, contribuindo para que essa se tornasse um ambiente seletivo e desigual. Ao postular sua teoria, o filósofo Karl Marx sistematizou que a organização e ações sociais estão de acordo com a Infraestrutura e a Superestrutura, sendo aquela o modelo de produção de uma civilização e responsável pelas atitudes tomadas pelas instituições públicas e determinados segmentos da população. Sendo assim, percebe-se que o modelo econômico capitalista contribuiu, acentuadamente, para a atual configuração das cidades contemporâneas, pois esse se sustenta mediante a desigualdade e exploração.  Além do aspecto da formação estrutural das cidades, as condições conjunturais, como a especulação imobiliária ou até mesmo a sediação de grandes eventos tem tornando os centros urbanos cada vez mais elitizados. A revitalização de áreas urbanas degradas e que carece de serviços básicos como o saneamento tem promovido a expulsão das populações que permeiam ou moram nessas regiões, fazendo dessa área um local de grande valor imobiliário e atraindo investidores, esse processo é denominado de gentrificação e tem sido um grande fator de déficit habitacional para os menos favorecidos economicamente. Ademais, medidas como essas são adotadas quando as cidades vão receber grandes eventos, como aconteceu nas Olimpíadas do Rio de Janeira, em que houve uma realocação da população que ocupava áreas próximas aos centros competitivos.  Para que se reverta esse problemática, portanto, urge a necessidade da atuação do poder público. Compete ao poder Legislativo criar mecanismos legais de entrave a especulação imobiliária em áreas revitalizadas, realizando uma intervenção estatal para conter a segregação socioespacia, dessa forma, a cidade será um patrimônio comum a todos e livre de exclusões, além de não permitir que a Infraestrutura para Marx determine as ações sociais no que tange a vida urbana.