Enviada em: 09/08/2018

A violência de gênero nas universidades brasileiras é uma realidade reafirmada pelas relações de poder presentes nessas instituições, cuja mulher encontra-se em situação de vulnerabilidade. Bem como, essa violência não é somente física, mas perpassa por situações como a dos indivíduos do sexo feminino terem que provar a todo momento sua capacidade intelectual, sofrerem com piadas e os demais alicerces do machismo institucionalizado. É indubitável que a necessidade de demonstrar incontáveis vezes que está ocupando tal espaço por mérito é uma das violências sofridas pelas mulheres, seja em cargos tidos como privilegiados ou não. Esse fato pode ser observado na entrevista da doutora e professora de física Sônia Guimarães, que em entrevista a um programa da Rede Globo relatou que por estar em um ambiente majoritariamente masculino, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, sofre com a descrença dos alunos em toda forma de conhecimento passado ou avaliado. Conclui-se que a violência de gênero está enraizada em instituições de ensino superior e que para os seus componentes é algo tido como natural, ou seja, a vítima não tem a quem recorrer. Em pesquisa do Instituto Avon em 2015, cerca de 67% das universitárias entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de abuso no ambiente de estudo, seja advindo de docentes ou colegas de classe. Por certo, esse número se mantém alto, pois as instituições não oferecem apoio para as vítimas, visto que não asseguram que haverá punição ao agressor e que ela não sofrerá com represálias. Portanto, a posição inerte dos responsáveis potencializa a certeza do agressor de que poderá abusar outras pessoas sem ter penalização jurídica. Com base nas premissas supracitadas cabe ao Ministério da Educação sancionar a criação de núcleos de discussão do assunto dentro das universidades, sendo eles voltados para mulheres, como no caso da USP Mulheres, visando a conscientização de que tais práticas não são naturais, o incentivo as denúncias e a cobrança de punições severas aos praticantes. Não obstante, o mesmo órgão estatal deve realizar campanhas voltadas aos possíveis agressores buscando mostrar o quão nocivas podem ser tais atitudes na vida do sexo oposto e reiterar as punições cabíveis.