Enviada em: 03/10/2018

No livro Dom Casmurro Machado de Assis retrata uma realidade presenta até hoje na sociedade brasileira: violência contra a mulher. Nesse aspecto, o livro se prende à temática do adultério culpando a mulher sem as provas necessárias, atualmente, o abordado na obra é presente nas grandes universidades, empresas e repartições. Sob inúmeras formas, a violência de gênero encontra reforço na permanência da impunidade e no silêncio dos cúmplices para se perpetuar.        Em primeiro plano, a violência de gênero no Brasil persiste como naturalizada em meio social, pois a maioria dos casos é tratada com impunidade. Nesse contexto, Albert Einstein disserta que é mais fácil desintegrar um átomo do que um conceito enraizado. Dado o exposto, criou-se ao longo da história brasileira uma ideia de inferioridade com relação à mulher, de modo que os atos contra elas são sempre justificados utilizando alguma ação das mesmas. Assim, caso não haja uma mudança na sociedade quanto ao modo de enxergar os crimes contra a mulher como injustificáveis, os números do Mapa da Violência nacionais continuarão a crescer no quesito ausência de condenação para o acusado.       Em segundo plano, é notório destacar a porcentagem de responsabilização dos homens coniventes com as ações criminosas contra as mulheres, mas que não denunciam para manter círculos de amizade durante a faculdade ou no trabalho. Sob tal ótica, as pessoas que têm conhecimento dos crimes e mesmo assim não fazem nada a respeito devem ser olhadas como cúmplices e penalizadas de alguma forma. Dessa maneira, como disse Martin Luther King, o preocupante não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons. Assim, ato de ter consciência de qualquer crime deve implicar responsabilidade para denunciá-lo.       Portanto, para reverter o quadro de violência são necessárias ações por parte do governo e das escolas. Logo, é imprescindível que o governo aumente o número de delegacias da mulher e o teor das punições para crimes cometidos contra o público feminino. Além disso, é preciso que o poder público julgue esses crimes com mais seriedade e em um menor tempo, para evitar novas agressões. No tocante à escola, é válido trazer a temática para os debates em aulas de humanas, seminários e feiras de cultura, com o emprego lúdico de teatro com fantoches, filmes e documentários tratando sobre o assunto.Dessa forma, as crianças estariam instruídas para não compactuarem desse tipo de ação, bem como, conhecerem as vias de denúncia, os tipos de crimes e as implicações sociais de tais acontecimentos.