Enviada em: 31/10/2018

Ao longo do processo de formação da sociedade contemporânea, entre os séculos XIX e XXI, a universidade assumiu um papel intrínseco ao combate de dogmas e preconceitos relacionados ao gênero. Por conseguinte, seria esperado que as constantes evoluções partissem de tal segmento social. Hodiernamente, no entanto, nota-se um aumento na opressão de tais minorias nesse espaço acadêmico, sobretudo no Brasil. Desse modo, evidencia-se a necessidade de combater tal problemática, com origens enraizadas tanto no pensamento sociocultural da nação, como na falta de aporte estatal e jurídico.         Mormente, é indubitável que tal violência surge com base no preconceito nas entranhas da cultura brasileira. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, o fato social configura um conjunto de ações e pensamentos exteriores e coercitivas ao indivíduo na conjuntura nacional. Analogamente, nota-se que o comportamento violento é originado pela convivência cotidiana de tais jovens com pensamentos homofóbicos, misóginos e transfóbicos que estão inseridos nos discursos de muitas famílias brasileiras. Assim, o jovem se torna um instrumento de ressonância de tal fato social dentro da universidade, impedindo o progresso e a convivência harmônica da diversidade de gênero.        Outrossim, deve-se apontar com rigor a ineficiência do Estado quanto a atuação da justiça e educação de gênero dentro das universidades. Para o filósofo Thomas Hobbes, um governo sábio deve legislar de acordo com as necessidades de sua nação, a fim de manter a harmonia e legitimar a justiça na sociedade. No caso das universidades brasileiras, tal teoria não se demonstra presente, pois os casos de violência, como os estupros e casos de agressões aos calouros, são na maioria das vezes desprezados ou julgados de maneira insuficiente. Tal condição permite, por meio da impunidade, a continuidade de tais práticas no meio jovem acadêmico.         Entende-se, portanto, que a violência de gênero nas universidades brasileiras sobrevive por meio do retrógrado pensamento sociocultural e da ineficiente jurisprudência. Para atenuar o problema, a União deve elaborar e distribuir, nos principais locais públicos, livretes e cartilhas elaborados por sociólogos, com dados e infográficos que comprovem os efeitos negativos do preconceito de gênero na sociedade, a fim de diminuir tal pensamento. Concomitantemente, as universidades podem criar grupos de fiscalização e apoio, formados por bacharéis e mestrados de Direito, que auxiliem a investigação e divulgação dos crimes de gênero, com espaço nas mídias e no meio jurídico. Desse modo, tal fato social será gradativamente minimizado na sociedade brasileira.