Enviada em: 27/07/2017

O epílogo das mágoas infantis       As transformações culturais ocorridas nos séculos XX e XXI desencadearam a mudança na forma como a sociedade enxerga os direitos dos jovens. Por isso, tornou-se imprescindível a criação da Declaração dos Direitos da Criança pela UNICEF em 1959 e posteriormente o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), pois desse modo viabilizou-se a fiscalização do tratamento dos infantes. Entretanto o Estatuto não impediu os maus tratos e o abandono das crianças, necessitando assim a concretização das ações descritas no regimento.       A gênese de traumas mediante ações como abuso sexual e o trabalho infantil  acarreta um período de turbulência na infância dificultando o aprendizado, a integração social e o desenvolvimento pessoal. Nesse contexto, é determinante a mudança postural da escola, que deve parar de agir com autoritarismo e se tornar um ambiente onde o estudante possa buscar refúgio e soluções para os seus problemas familiares.       Para Jean Paul Sartre, filósofo existencialista, a formação de uma criança e baseada nas mágoas dos adultos. Devido a isso, ocorre por parte dos pais a correção por meio da agressão, que se baseia nas frustrações destes. Haja vista as relações de submissão entre os responsáveis e seus descendentes, ocorrem conflitos familiares durante a adolescência, período em o jovem busca se libertar de tais vínculos.        Desse modo é necessário por parte do Estado e da sociedade fornecer amparo para as crianças alvo de negligência. Além do fornecimento de tratamento oferecido pelo governo para aqueles que sofreram traumas durante a infância, pois apenas desse modo é possível que aqueles afetados não transmitam suas mágoas para seus sucessores. Igualmente vital é a fiscalização e a atuação do Conselho Tutelar em casos nos quais haja suspeita de crueldade a crianças, agindo de acordo com o ECA. Pois, como descrito na frase de George Bernano, escritor francês: "O mundo será julgado pelas crianças. O espírito da infância julgará o mundo".