Enviada em: 03/04/2019

"No livro "Cidade de Deus" de Paulo Lins, é retratado um conjunto habitacional em que passou transformações sociais, da pequena criminalidade dos anos 60 à situação de violência generalizada e de domínio do tráfico de drogas da década de 1990. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Lins pode ser relacionada ao mundo violento do século XXI: gradativamente, a pobreza e a desigualdade social corroboram para o aumento da criminalidade e para a influência comportamental dos jovens, presos em um cenário de violência urbana.   Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função de questões socioeconômicas, demográficas, culturais e políticas, jovens são cada vez mais expostos a uma gama limitada de educação, emprego e moradia, consequência do desenvolvimento de aliciamento por traficantes e visualizam o crime como opção de vida. De acordo com o filósofo Hegel, se uma pessoa é um criminoso, reduzir todas as demais características de sua personalidade ao crime é fácil. Entender, não reduzir a uma característica má uma pessoa que tem outras características, isso é a complexidade, vive-se atualmente um período de liberdade comportamental semelhante vista em “Cidade de Deus”. Assim, os jovens são atraídos pelo sistema violento e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para os homicídios causados por armas de fogo.    Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência da criminalidade no comportamento dos jovens: ao observar somente o que lhe interessa e as opções disponíveis nas comunidades carentes. Em uma cena do filme Na Quebrada, por exemplo, jovens sonhadores tentam encontrar a própria voz e driblar as dificuldades, a violência e o crime da periferia de São Paulo. Dessa forma, usam a arte como agente de transformação. Paralelamente, um dos objetivos da Escola de Frankfurt: analisar condições de possibilidade para socialização moderna e torná-la, facilmente atingível.    Destarte, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Deste modo, por meio de criação de programas que combatem o crime organizado, as polícias civis e militares com remuneração adequada e formação eficiente. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem a violência urbana e advirtam os jovens do perigo da criminalização, sugerindo e oferecendo projetos socioeducativos como meio de geração de renda nas comunidades. Somente assim, será possível combater a violência urbana no país e, ademais, oferecer oportunidade aos jovens que, da mesma forma que a ressalta “Cidade de Deus” e Na Quebrada, enfrentando a pobreza e as desigualdades sociais para evitar a violência."