Enviada em: 05/09/2018

Em carta para o médico Sigmund Freud, o célebre físico Albert Einstein revela uma preocupação surpreendente: "Como livrar a humanidade da guerra?". Para o pai da física moderna, as classes dominantes "não tinham limite em sua fome de poder político". De modo simples, o fundador da psicanálise responde que o instinto humano é destrutivo e que seria preciso uma educação focada no amor. Tal diálogo constrói um cenário deveras parecido com a situação brasileira tangente à violência desmedida. De fato, o Brasil vive numa destrutiva guerra civil, a qual poderia ser resolvida caso existisse interesse político numa transformação social cuja base reside, principalmente, na educação.       Análogas às ideias de Einstein, o cientista do absolutismo Nicolau Maquiavel, em sua obra "O Príncipe", revelou, nas suas teorias, que o principal interesse do governante é permanecer no poder, ao passo que menospreza as necessidades da nação. De modo similar, os brasileiros assistem a políticos profissionais com sucessivos mandatos, o quais, majoritariamente, possuem um histórico de alianças com grandes empresários em detrimento de uma trajetória expressiva na busca pelos direitos da população, o que acirra as tensões sociais e multiplica a violência no Brasil, principalmente nas periferias.       Consoante ao exposto, a Constituição promulgada em 1988 assegura direitos individuais, coletivos e sociais nos artigos 5º. e 6º., como o direito à vida, à segurança e à educação. Entretanto, não há vontade política, entre os grupos dominantes, de que haja equidade na sociedade, mormente se as principais vítimas desse descaso social são pobres e negros. Ou seja, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), essa parcela da população historicamente usurpada é a que mais sofre com a violência brasileira, fruto da desigualdade social e de uma educação deficitária.       Portanto, urge que tal quadro seja definitivamente alterado. Destarte, uma expressiva reforma política com ampla participação popular mediante plebiscitos deve aprovar o fim da reeleição em todos os cargos políticos, assim como a redução das cadeiras e das regalias nos três poderes. Ademais, tais reformas precisam acabar com o financiamento de campanhas eleitorais, instituir a taxação de grandes fortunas e redistribuir a renda proveniente dessas transformações, sobretudo em segurança e educação. Deve-se, primordialmente, investir numa educação básica igualitária capaz de formar cidadãos cujo instinto fundamental seja o amor em detrimento da destruição, como na resposta de Freud à Einstein.