Enviada em: 28/10/2018

Para o filósofo Hume, a noção de causa e efeito é uma produção do ser humano que tem o fito de ordenar o que é desordenado. Dessa forma, é possível estabelecer uma relação de causa e efeito com a desigualdade social no Brasil e as falhas da políticas públicas governamentais, que corroboram para a manutenção da violência urbana no país, fato gerador de frutos negativos para toda a população.        Em primeira análise, é necessário ressaltar que no séc. XIX, terra era sinônimo de riqueza. Com a Lei de Terras (1850), a propriedade passa a ser disponível apenas pela compra, o que configurou uma concentração fundiária e de renda que se estende até os dias atuais. Assim, o grupo de baixo orçamento é o que mais encontra dificuldades em ter acesso à educação, saúde, lazer e saneamento básico, e no século XXI, em que os grandes centros estão com inchaço populacional e com redução de empregos, o indivíduo de baixo poder aquisitivo passa a ter sua perspectiva de ascensão ainda menor, o que os torna vulneráveis a uma alternativa negativa para garantir sua sobrevivência: assaltos, roubos e tráfico de drogas, medida que envolve muitas vezes o assassinato e a violência física contra a vítima do crime, além de tiroteios e intervenções policiais que colocam outros cidadãos em risco de vida.           Em segunda análise, cabe destacar que as medidas de solução imediata para o problema exponencial do crime apresentaram falhas, sendo uma delas a política das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), instaladas no Rio de Janeiro com objetivo de restaurar a paz nas comunidades violentas a partir de um policiamento constante. No entanto, a corrupção entre alguns policiais, que extorquiam os moradores em troca de proteção, agravava ainda mais a desigualdade social, além da deslocação de 3 mil homens em 2017 para a região metropolitana, que desmontou 12 de 38 UPPs,  e tornaram a política ineficaz e não benéfica para a população. Com isso, alguns especialistas em segurança apontaram que as verbas vindas dos royalties do petróleo para as unidades deveriam ter sido aplicadas na reversão no abuso de poder da polícia e no enfoque em políticas sociais estruturais, para reverter a violência urbana no Brasil pelas suas causas.                Destarte, é necessário que o Estado, a partir do replanejamento do direcionamento de verbas, fomente o assistencialismo nas regiões pobres no Brasil, para que esses grupos menos favorecidos possam ter acesso à educação, a saúde, ao lazer e ao saneamento básico, com o fito de diminuir a desigualdade e a busca do crime como alternativa de suprimento e sobrevivência. Além disso, também pelo direcionamento de verbas, é preciso que o Estado, em consonância com o Ministério do Trabalho, gere mais empregos, para que todas as famílias tenham renda suficiente e não recorram ao crime e produzam violência. Assim, espera-se que haja uma redução da violência urbana no Brasil.